domingo, 28 de junho de 2009

LOMBALGIAS NOS ATLETAS (8)

Neste contexto é pertinente a necessidade de uma intervenção mais “ profunda e eficiente“ quando se lida com jovens desportistas com lombalgia, sobretudo recorrente relativamente a outros jovens com a mesma patologia mas sem hábitos de prática desportiva de elevada intensidade.
Poder-se-á justificar esta preocupação, pelo facto de muitas vezes a ocorrência de lombalgia nos adolescentes atletas estar directamente relacionada com a prática desportiva (sobrecarga funcional pela elevada intensidade e/ou cargas não adaptadas ao crescimento e às características fisiológicas das crianças e jovens) sem interferência directa (pelo menos nas fases iniciais) nas actividades quotidianas.



É necessário conhecer bem a modalidade (gestos de risco e elementos técnicos - interacção com os treinadores), ter profundos conhecimentos de anatomia e biomecânica aplicada além de despistar os quadros clínicos/fisiopatológicos que explicam esses sintomas.
Só assim se pode implementar estratégias de avaliação/intervenção/prevenção assentes num modelo pathomecânico.
Por outro lado o tempo e o modo de recuperação pós lombalgia nos jovens atletas está fortemente condicionado pelo desejo/necessidade de não parar e/ou de regresso rápido/precoce à prática desportiva que muitas vezes inclui os mecanismos etiológicos/causais das queixas lombares.
Raul Oliveira, Fisioterapeuta
Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 /917231718/ 917776556
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana

LOMBALGIAS NOS ATLETAS (7)

São vários os estudos que estudaram o fenómeno de lombalgias em atletas jovens.
Schmidt-Olsen e outros (1991) num estudo com 496 jovens futebolistas (12-18 anos) encontraram uma prevalência anual de lombalgia de 14%.
Hainline (1995) verificou que a lombalgia também era comum nos jovens tenistas por aumento do risco de patologia discal ou quadros de instabilidade lombo-sagrada, associado a esforços em rotação e hiperextensão da coluna (ver imagem abaixo)


Estes estudos reforçam o facto de o treino de elevada intensidade com o factor ”repetição gestual” associado em jovens na fase de crescimento, elevar substancialmente o risco de alterações degenerativas/patológicas com consequentes queixas e repercussões funcionais.

Como o treino de elevada intensidade começa cada vez mais cedo, sobretudo em certas modalidades, as crianças e os jovens constituem uma população de elevado risco no aparecimento de alterações/patologias cada vez mais precoces e mais graves que podem deixar sequelas e repercussões funcionais por vezes irreversíveis.

Por isso, a necessidade de se identificar, reconhecer e compreender os factores de risco para se poder implementar atempadamente estratégias de prevenção e de despiste dessas alterações.


Raul Oliveira, Fisioterapeuta
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sábado, 27 de junho de 2009

LOMBALGIAS NOS ATLETAS (6)


Haasbeek e Green (1994), descrevem o caso de 2 raparigas com quadros de lombalgia crónica que interferia com a actividade física/desportiva a quem foram diagnosticadas, só com tomografias e cintigrafias, fracturas de fadiga na asa do sacro.


Os autores sugeriram que face às dificuldades de diagnóstico este problema poderá ser provavelmente mais comum do que a “falta” de diagnósticos parece apontar.


Deste modo as fracturas de stress do sacro devem ser incluídas no diagnóstico diferencial dos jovens atletas com lombalgias recorrentes de caracter mecânico e com gestos intensamente repetidos.


McFarland e Giangarra (1996) registaram 3 raparigas com fracturas de stress ou de fadiga no sacro e que inicialmente não foram diagnosticados por apresentarem quadros de lombalgia crónica com irradiação para a nádega.

Estes autores reconheceram as fracturas de fadiga do sacro como uma potencial causa de lombalgia, especialmente nos jovens atletas com prática desportiva de elevada intensidade.

A maioria dos estudos sobre as lesões da coluna lombar nos(as) ginastas mostram que as queixas aparecem gradualmente e estão directamente relacionadas com a intensidade do treino, com o nível competitivo apresentado e com o número de anos de prática (Caine e colegas, 1996).


Assim parece que os(as) jovens ginastas de elevado nível competitivo constituem um grupo de elevado risco em virtude da sobrecarga na coluna lombar relacionada com uma maior intensidade de treino e com uma maior “duração de exposição” às forças mecânicas, num período de “crescimento osteo-articular e músculo-esquelético” mais rápido e sujeito a diversas transformações fisiológicas (p.ex hormonais).

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LOMBALGIAS NOS ATLETAS (5)

Vain (1981) mostrou que as colunas das jovens ginastas de elite sofrem cargas de compressão significativamente maiores, sobretudo no treino de alto impacto, relativamente aquelas que resultam de outras práticas desportivas.

Goldstein e colegas (1991) encontraram em ginastas de níveis de pré-elite, elite e olímpico cerca de 9%, 43% e 63 % de presença de alterações degenerativas da coluna lombar, apesar da idade jovem.


No mesmo estudo foi encontrado no máximo 15,8% de incidência das mesmas alterações em nadadores com as mesmas cargas horárias de treino semanal. O estudo concluiu, que na ginástica, uma carga de treino semanal superior a 15 horas aumentava potencialmente o risco de lombalgia e de lesões degenerativas lombares (73% dos casos estudados).

Nos ginastas, Yngve (1990) encontrou cerca de 21 % das fracturas de fadiga diagnosticadas a nível das facetas/pares articulares.

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sexta-feira, 26 de junho de 2009

LOMBALGIAS NOS ATLETAS (4)

Halvorsen e outros (1996) concluíram que a frequência de espondilólistesis é muito mais elevada em atletas que realizam movimentos envolvendo amplitudes extremas de flexão/extensão da coluna lombar do que na população normal.

Neste estudo os autores afirmam que as fracturas de stress constituem a causa dominante de espondilólistesis nos atletas jovens.




Numa amostra de 50 indivíduos (30 fem./20 masc.) com espondilólistesis de grau I a maioria tinha entre 15 e 19 anos e 40% dos mesmos referiram lombalgia há mais de 1 ano. Quarenta e cinco sujeitos (90 %) apresentaram o “defeito“ ao nível da 5ª vértebra lombar enquanto que três apresentavam em L3 e 2 em L4.



Os jovens desportistas da ginástica desportiva e rítmica, acrobática e patinagem sobretudo os de elevado nível competitivo sofrem solicitações e cargas biomecânicas sem paralelo nos outros desportos.



Essas solicitações incluem gestos por vezes repetidos até à exaustão, de amplitude extrema de flexão e extensão associados ou não aos movimentos de rotação, bem como “posturas técnicas“ de hiperlordose lombar que podem originar queixas ou mesmos lesões nos diferentes elementos vertebrais (Hall, 1986; Jackson e colegas, 1976).




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LOMBALGIAS NOS ATLETAS (3)


Os jovens atletas envolvidos em desportos com esforços repetidos de flexão e sobretudo de extensão da coluna lombar constituem um grupo de elevado risco no aparecimento de lombalgia muitas vezes causada por lesões ou fracturas de fadiga dos “pares articulares” (L5 é local mais frequente).
Dentro dessas actividades podemos encontrar certos gestos da ginástica, o serviço do ténis ou do voleibol, os lançamentos ou arremessos no atletismo, certos gestos do basquetebol sendo estes apenas alguns exemplos.

Hoje é consensual que estes problemas são adquiridos e se devem aos esforços de elevada intensidade e/ou repetições “sem fim“ em jovens atletas sujeitos a cargas intensas de treino muito precocemente.
Na grande maioria dos casos o “ponto de falência” ocorre nas apófises articulares embora os pediculos também possam ser afectados pelo mesmo problema.
Os profissionais que lidam com esses jovens devem estar atentos aos quadros clínicos que se tornam insidiosos e que se agravam durante ou após a actividade física (provocatória) em geral, e com os esforços em extensão em particular.


Blanda e outros (1993) mostraram que as actividades físicas que incluem gestos intensamente repetidos de hiperextensão ou extensão com rotação da coluna lombar são dolorosos em 98% dos casos.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar consequências futuras bem como o diagnóstico diferencial em caso de queixas persistentes (mais de 3 semanas).

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LOMBALGIAS NOS ATLETAS (2)

A prática desportiva de elevada
intensidade (carga de treino em horas semanais) constituiu
para Kujala colegas (1992) um factor de risco associado ao aparecimento de dor lombar nos jovens atletas.

Os índices de flexibilidade e mobilidade articular não apresentaram uma correlação significativa com o aparecimento de lombalgia.

Kujala e outros (1996) num estudo longitudinal de 3 anos, com 98 adolescentes (65 atletas- hóquei no gelo, futebol, skate e ginástica e 33 não atletas) em que foi investigado a ocorrência de lombalgia que tenha persistido pelo menos 1 semana, apontaram para significativas diferenças entre os jovens atletas (45%) e não atletas (18%) .
Estes autores concluíram que a “carga excessiva“ sobre a coluna, durante o período de crescimento intenso e rápido (growth spurt period) implica um risco elevado de ocorrência de lombalgia aguda que é prejudicial para a coluna lombar dos jovens .
Algumas actividades desportivas podem ser benéficas, enquanto que outras poderão aumentar o risco de lombalgia (Mundt e outros, 1993) e de lesões na coluna.

Por outro lado,os estudos com populações juvenis (Salminen e colegas, 1993) sugerem que a prevalência de dores lombares é menor na população “activa” do ponto vista físico ou desportivo.


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LOMBALGIAS NOS ATLETAS (1)


A lombalgia ou dor lombar constitui uma das queixas mais frequentes dos jovens atletas sobretudo em determinadas modalidades desportivas.

Actualmente registamos 2 realidades distintas :

a) com o aumento da intensidade da prática desportiva em modalidades individuais e colectivas e com a precocidade do inicio dessa prática (ginástica, ténis, judo, artes marciais, voleibol, basquetebol, etc.), certos jovens desde idades muito novas sofrem de dores lombares;

b) no pólo oposto, também há uma diminuição da condição física nos jovens com hábitos de vida sedentários (ver televisão, tempo livre dedicado a jogos de computador) o que tem contribuído para um aumento do fenómeno de lombalgia nos adolescentes sedentários.

Na população desportiva em geral, foi estimado que de todas as lesões desportivas, cerca de 15% envolviam lesões ou queixas na coluna (Maxwell e Spiegal, 1990). No entanto havia valores de prevalência diferentes consoante os tipos de desporto praticado, os níveis de competição e ainda a idade e o sexo dos praticantes.

Spencer e Jackson (1983) calcularam que 10% das lesões desportivas estavam relacionadas com disfunções/alterações da coluna e cerca de 75% dos atletas de elevado rendimento já tinham tido pelo menos uma vez na vida queixas lombares.

Daí a necessidade das disfunções da coluna vertebral serem analisados, compreendidos, precocemente diagnosticados e tratados de forma adequada, desde as idades mais jovens para se evitar o desenvolvimento de problemas crónicos e incapacidades residuais.
Raul Oliveira, Fisioterapeuta
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sábado, 20 de junho de 2009

LESÕES NO TÉNIS - CASOS REAIS (5)

In jornal MARCA de 20 de JUNHO
http://www.marca.com/2009/06/20/tenis/1245512658.html
EL MÉDICO DEL BALEAR CONFÍA EN UNA RECUPERACIÓN DE GARANTÍAS
Cotorro: "En 3 ó 4 semanas, Nadal estará al cien por cien" "Tiene una lesion en la rodilla. Es una tendinitis de hace tiempo. En los ultimos días había mejorado, pero lo que está claro es que él es el que tiene las sensaciones y sabe si puede rendir al máximo nivel", dijo en Radio MARCA


Ángel Ruiz Cotorro es el médico de confianza de Rafa Nadal. Él es el galeno que ha tratado el tema de sus maltrechas rodillas en las últimas fechas y una voz importante a la hora de evaluar su participación o no en Wimbledon. Cotorro habló en Radio MARCA, donde expuso que la última decisión la tomó el propio Nadal y que espera que con descanso y el trabajo apropiado, el número 1 vuelva pronto a las pistas y sea protagonista de un excepcional final de temporada.

El doctor Cotorro señaló en su discurso el estado de ánimo de Nadal. "Hoy no he hablado con Rafa. Ayer estaba triste por no haber podido jugar, porque era lo que él quería. No ha podido ser, hay que pasar pagina y prepararse para afrontar el resto de temporada", significó el galeno.


Creo que le honra decir que si no sale al 100 % para intentar ganar no lo va hacer. En este caso y dada la situación del torneo, dos semanas, partidos a cinco sets, evidentemente son torneo muy duros y esta pista exige mucho. Si no se siente preparado él es el primero que lo sabe", indicó.


Rafa lleva tratándose desde hace tiempo, pero no ha podido llegar a tiempo a la cita londinense. "Ha tenido un tratamiento muy intensivo, que creo que hay que seguir y después con reposo y trabajo de fisioterapia y de potenciacion muscular será suficiente para que Rafa vuelva a jugar al máximo nivel", señaló Cotorro, quien lanzó un mensaje a navegantes.

"Desde un punto de vista medico el circuito es muy exigente, y cuanto más arriba esta mucho mejor. Creo que el problema esta en que los partidos de tierra están muy apretadas. Los grandes torneos de tierra se disputan todos seguidos, practicamente sin descanso, ese es el problema. Todo el circuito esta un poco apretado", aseveró.

¿Cuándo estará Nadal al 100 %? En 3 ó 4 semanas creo que estará al cien por cien. Esta ha sido una circunstancia especial por el torneo que había, en el cual él ha querido con todas sus fuerzas intentar jugarlo y en esta situación se ha llegado un poquito justo", recalcó.


El galeno hablará con Rafa los próximos días y tiene muy claro cuál será su discurso. "Nadal tenía muchisima ilusion en jugar. Yo cuando hable con él el consejo que le voy a dar es que para adelante, no todo se acaba en un sólo torneo ni aunque sea Wimblendon, sino que hay que seguir trabajando y acabar el resto de la temporada, que lleva un principio de temporada extraordinario y si se puede hay que terminar igual", finiquitó.



COMENTÁRIO: pelo que já comentei em LESÕES NO TÉNIS - CASOS REAIS (4) gostaria como adepto do ténis, que este prognóstico optimista se confirmasse, mas receio que seja necessário de mais tempo para não haver recidivas das problemas que afectam os joelhos do garnde campeão que é Rafael Nadal. No entanto o que sabemos é apenas pela comunicação social e apenas inferimos racíocinios através de indicadores que podem ser falíveis, pelo que esperamos que se confirmem as previsões do médico que acompanha Rafa.


Raul Oliveira, Fisioterapeuta
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TENDINOPATIAS (leituras recomendadas)

Livros:

Tendinopathy in Athletes
Editors: Per Renstrom & Steven Arnoczky Savio Woo

ISBN: 9781405156707 ISBN-10: 1405156708
Publisher: Blackwell Publishing Ltd
Date Published: 14/02/2007
Format: Hardback Book
Pages: 248
Language: English


Evidence-Based Sports Medicine, 2nd Edition
Domhnall MacAuley (Editor), Thomas Best (Editor)
ISBN: 978-1-4051-3298-5
Hardcover
640 pages
March 2007, BMJ Books



HISTOPATHOLOGY OF COMMON TENDINOPATHIES in http://www.clinicalsportsmedicine.com/articles/common_tendinopathies.htm

Tendinopathy -- From Basic Science to Treatment: Molecular Pathology of Tendinopathy
http://cme.medscape.com/viewarticle/569113_6

ARTIGO DO MÊS - (24/2009)

Este é o 1º artigo que coloco neste blog que não é de 2009, mas a sua pertinência e fundamentação continua actual e podem contextualizar bem os problemas que Rafael Nadal como outros atletas (particularmente os voleibolistas, basquetebolistas, saltadores ...) sofrem.


Patellar Tendinopathy in Athletes: Current Diagnostic and Therapeutic Recommendations
Peers KHE, Lysens RJJ

Sports Med vol. 35, 71 - 87, 2005


ABSTRACT

Introduction:
Patellar tendinopathy overuse injuries are an exasperating challenge to sport physicians
. They can produce significant functional deficit and disability in recreational and professional athletes. Diagnosis and treatment options of patellar tendinopathy are discussed.
Diagnosis and Treatment:
Treatment strategies for patellar tendinopathy are often based on scientifically unsubstantiated beliefs; clinical outcomes are frequently unpredictable.

Diagnosis is typically based on clinical findings. Technological advancement of imaging techniques may offer more diagnostic options. Power Doppler ultrasonography provides an estimation of tissue vascularity independent of the angle of incident beam. It can depict proliferation of vessels in Achilles tendinopathy. When a wider anatomical view is needed, MRI may be used. Histopathologic and biochemical evidence suggests that the underlying pathology of tendinopathy is not an inflammatory tendonitis.

Rather, it is a degenerative tendinosis characterized by variable fibrosis and neovascularization, with increased celluarity due to the presence of fibroblasts. It appears that earlier reports concerning signs of inflammation may have been a misinterpretation of degenerative aspects of tendinosis. On the molecular level, clinical symptoms and nonhealing features of tendinosis are precluded by increased expression of cyclo-oxygenase-2 and transforming growth factor-β1 along with increased platelet-derived growth factor and metalloproteinase. Yet, tendons injected with a cytokine preparation demonstrate only mild, seemingly reversible tendon injury without matrix damage or evidence of collagen degradation.

Conservative management may include the following: correcting training errors to prevent injury, maintaining flexibility of the quadriceps and hamstring muscles, correcting biomechanical abnormalities, rest, nonsteroidal anti-inflammatory drugs (questionable since tendinopathy is a degenerative, noninflammatory condition), corticosteroids, ice, extracorporeal shock-wave therapy, and rehabilitation.

In vivo trials of peritendinosus tissue in exercise have shown increased metabolic activity and increased formation of collagen type I in response to acute exercise, suggesting that eccentric exercise may directly counteract the failed healing response of tendinosis.

At this point, it is not possible to determine one exercise program as superior to others. Practical guidelines for an eccentric patellar tendon training program include the use of decline squats; exercise once or twice daily for a minimum of 12 weeks; pain during exercise tolerated (increased pain the next day not allowed); and increase in the number of repetitions, speed of movement, and load when pain becomes less painful.

Surgical management may be considered if patellar tendinopathy symptoms and functional impairment persist past 6 months after initiation of conservative treatment.

Conclusion:
Improved knowledge concerning the noninflammatory, degenerative pathology of chronic tendinopathy may serve to prompt clinicians to shift their therapeutic focus from anti-inflammatory approaches to a more complete rehabilitation based on eccentric exercises.

LESÕES NO TÉNIS - CASOS REAIS (4)



RAFAEL NADAL NÃO VAI DEFENDER O SEU TÍTULO EM WIMBLEDON

NADAL INJURY DILEMMA

"El número uno del mundo Rafa Nadal no podrá defender su título en Wimbledon, al no haber podido superar las molestias que sufre en ambas rodillas desde hace tiempo."

"Quiero tomarme un tiempo para recuperarme y trataré de regresar lo antes posible con la mentalidad al cien por cien para ganar. El problema ahora mismo es que estoy jugando pensando más en las rodillas que en el partido y así es muy difícil jugar", explicó el balear.


Reconoció que los deportistas "convivimos con dolores" y admitió que "realmente uno no sabe dónde está el límite y hasta dónde uno puede llegar".


Y yo realmente creo que en este momento he llegado al límite y necesito una limpieza para volver con fuerza", observó. "Llevo ya nueve meses jugando con dolor en la rodillas y uno va haciendo esfuerzos semana tras semana, pero en Madrid realmente hice otra prueba que me dijo lo que tenía, dos edemas en cada rodilla", comentó.


También señaló que para él darse de baja de esta competición era "difícil de aceptar" y reconoció que nadie estaba más "decepcionado" que él mismo.
"Durante toda mi vida, Wimbledon es uno de los torneos más especiales, si no el más especial, y poder jugar aquí como número uno por primera vez... es duro, ya conoces al público. He intentado todo lo que he podio para jugar pero es imposible. Quiero estar listo para el año que viene y lograr buenos resultados".


Nadal quiere "tiempo para recuperarse de este golpe" y admitió que no ha podido entrenar "como se debe, siempre más pendiente de las rodillas". Además, indicó que se trataría de un tiempo "largo" para recuperarse, "pero realmente recuperarme no para ir poniendo parches como se han ido poniendo estos últimos meses".
Aunque no supo explicar cuál creía él que había sido la causa para llegar a esta situación física, dijo que quizá "querer forzar siempre semana tras semana", aunque reconoció que no sabía cuándo debería haber parado."


Já em 15 de Fevereiro, poucas semanas depois do Australian Open que Nadal venceu com brilho, Rafa teve que parar 2/3 semanas na sequência da final do Torneio de Roterdão (ver post de 15 de Fev LESÕES NO TÉNIS - CASOS REAIS (1) ). Apesar de ter optado por não jogar o Masters e ter antecipado o final da época o período de férias e de recuperação não foi suficiente para resolver as tendinopatias que o afectam.

A 9 de Junho e na sequência da desistência do Torneio de Queens e da derrota em Roland Garros nos oitavos de final onde Rafa procurava um inédito 5ª título consecutivo, voltei a comentar no post LESÕES NO TÉNIS - CASOS REAIS (3) a situação de Rafael Nadal.

Infelizmente para os amantes do ténis confirma-se o que então escrevemos e tememos que esta paragem possa ser prolongada (algumas semanas/meses).


RELEMBREMOS AS IDEIAS-CHAVE QUE DEVEMOS TER EM CONTA:


COMENTÁRIO 1
Esta condição que parece persistir desde há vários meses sugere uma situação de "tendinosis" que implica algumas alterações estruturais dos tendões, que no tipo de jogo de Nadal são intensamente solicitados, o que exige tempo, paciência e trabalho de requilibrio miofascial/reorganização funcional. Não há tratamentos milagrosos nem com 100% de sucesso. Se assim fosse já em Fevereiro teria dados esstes resultados e sobretudo na pausa do final da época passada.


COMENTÁRIO 2

As criticas que Nadal faz, tal como outros tenistas profissionais ao calendário sobrecarregado de competições fazem todo o sentido e dever-se-á repensar todo o calendário competitivo (tendo em atenção a sáude dos atletas com eixo prioritário)


COMENTÁRIO 3
Perante estas informações e com um quadro clinico de sinais e sintomas que persistem há "vários meses", provavelmente 2 semanas de tratamento não serão suficientes para R Nadal estar ao melhor nível em Wimbledon. APESAR DE TODA A COMPETÊNCIA, BOA VONTADE E EMPENHAMENTO quer de Nadal quer da equipa clinica que o acompanha, sendo reais as queixas existentes há vários meses sugerem uma situação de tendinose (alterações estruturais do Tendão do quadricipite) bilateral que exige mais tempo e regresso gradual à competição.


RELEMBREMOS QUE DEPOIS DOS TORNEIOS EM RELVA VEM OS TORNEIOS EM PISO RÁPIDO O QUE AMPLIAM/POTENCIAM OS RISCOS PARA O APARELHO EXTENSOR.

O prognóstico para o curto-prazo não é muito favorável, pelo que os amantes do ténis e sobretudo os nuestros hermanos espanhois deverão estar preparados para uma pausa mais prolongada do seu idolo e campeonissímo Rafael Nadal

El doctor Cotorro, médico de la Federación Española y responsable del centro MAPFRE de medicina del tenis, precisó que Nadal "presenta, una vez realizadas las pruebas pertinentes (RNM, ecografía y gammagrafía ósea) una "tendinitis de inserción" de ambos tendones cuadricipitales con ligero edema óseo en ambos polos superiores de rótula".
"Será sometido a tratamiento intensivo a base de antinflamatorios orales, mesoterapia local más fisioterapia (Magnetoterapia, termoterapia) así como potenciación muscular progresiva de ambos cuádriceps", añadió. Nadal regresará a la actividad deportiva de forma progresiva "a partir de las 48 horas de tratamiento". Diz a notícia da Marca

Muitas 48 horas vão passar ...infelizmente para Rafa e para o mundo do ténis...


COMENTÁRIO 4

Não há evidência cientifica que este tipo de tratamentos preconizada seja o mais eficiente nem garantias que se invertam as alterações estruturais dos tendões em pouco tempo e muito menos em 48 horas. Não há tratamentos milagrosos no caso das tendinopatias crónicas nem tipos de tratamento com 100% de sucesso.

Para mais informações ver TENDINOPATIA PATELAR (1) a TENDINOPATIA PATELAR (6) de Março de 2009 onde se desenvolve este tema, particularmente o post (6) sobre a intervenção terapêutica. Algumas vezes pode-se "mascarar" o problema por algum tempo, iludir algumas queixas mas "a factura" acaba sempre por aparecer.

Raul Oliveira, Fisioterapeuta
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sexta-feira, 19 de junho de 2009

ARTIGO DO MÊS - (23/2009)



Alterations in Knee Joint Laxity During the Menstrual Cycle in Healthy Women Leads to Increases in Joint Loads During Selected Athletic Movements

Park, S-K, Stefanyshyn, D. J., Ramage, B., Hart, D.A., Ronsky, J.L.
Am J Sports Med June 2009 vol. 37 no. 6 1169-1177

Background: It has been speculated that the hormonal cycle may be correlated with higher incidence of ACL injury in female athletes, but results have been very contradictory.

Hypothesis: Knee joint loads are influenced by knee joint laxity (KJL) during the menstrual cycle.
Study Design: Controlled laboratory study.

Methods: Serum samples and KJL were assessed at the follicular, ovulation, and luteal phases in 26 women. Knee joint mechanics (angle, moment, and impulse) were measured and compared at the same intervals. Each of the 26 subjects had a value for knee laxity at each of the 3 phases of their cycle, and these were ordered and designated low, medium, and high for that subject.
Knee joint mechanics were then compared between low, medium, and high laxity.
Results: No significant differences in knee joint mechanics were found across the menstrual cycle (no phase effect). However, an increase in KJL was associated with higher knee joint loads during movement (laxity effect). A 1.3-mm increase in KJL resulted in an increase of approximately 30% in adduction impulse in a cutting maneuver, an increase of approximately 20% in knee adduction moment, and a 20% to 45% increase in external rotation loads during a jumping and stopping task

Conclusion: Changes in KJL during the menstrual cycle do change knee joint loading during movements. It was found that increased KJL during the menstrual cycle leads to greater knee joint loads in selected high-risk movements in healthy young women. It was also found that the influence of hormones on KJL was subject specific, possibly explaining why some female athletes are more prone to ACL injuries than others. As a significant relationship exists between KJL and knee joint loads in female athletes, it will be necessary to apply the findings to more practical situations as a way of reducing ACL injury rates for female athletes.

Clinical Relevance: Our findings will be beneficial for researchers in the development of more effective ACL injury prevention programs.

Keywords: knee joint laxity (KJL); menstrual cycle; knee joint loads; ACL injury

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ARTIGO DO MÊS - (22/2009)


Delayed Vastus Medialis Obliquus to Vastus Lateralis Onset Timing Contributes to the Development of Patellofemoral Pain in Previously Healthy Men: A Prospective Study

Am J Sports Med June 2009 37:1099-1105


ABSTRACT

Background: Delayed onset of vastus medialis obliquus activity has been described in patellofemoral pain patients. No prospective study investigating the development of patellofemoral pain has tested the onset timing of electromyographic activity of the vastus medialis obliquus and vastus lateralis muscles during a functional task.

Hypothesis: Before the development of patellofemoral pain, subjects demonstrate an altered firing order of the vastus medialis obliquus and vastus lateralis muscles compared with healthy subjects during a functional task.

Study Design: Cohort study; Level of evidence, 2.

Methods: The onset of vastus medialis obliquus and vastus lateralis activity was measured with surface electromyography during a functional task (rocking back on the heels) in 79 healthy subjects subsequently submitted to a 6-week strenuous basic military training. Afterward, these subjects were reassessed.

Results: Thirty-two percent of the recruits developed patellofemoral pain during training. Patellofemoral pain subjects demonstrated a significant delay of onset of vastus medialis obliquus electromyographic activity compared with the healthy controls (P = .023), even before basic military training. In healthy subjects, no significant differences in electromyographic activity onset of the vastus medialis obliquus compared with the vastus lateralis could be identified before and after basic military training.

A significant delay could be demonstrated in the patellofemoral pain group after basic military training. A binary logistic regression could be constructed wherein the onset of the electromyographic activity of the vastus medialis obliquus and vastus lateralis was withheld in the model. The most optimal cutoff value, which is based on the receiver operating characteristic curve, is a timing difference of −0.67 milliseconds (vastus medialis obliquus – vastus lateralis). The area under the receiver operating characteristic curve is considered as fair (0.68).

Conclusion: Delayed onset of electromyographic activity of the vastus medialis obliquus–vastus lateralis is one of the contributing risk factors to the development of patellofemoral pain.

Although the cause of PFP is multifactorial, the delayed onset of EMG activity of the VMO was withheld in a logistic regression model, signifying that this single risk factor has a predictive value in the development of this condition.

LESÕES NO JOELHO DAS BAILARINAS (6)

ANÁLISE MORFO-FUNCIONAL DO EN-DEHORS (4)

Muitas das lesões por sobrecarga que acontecem na dança podem estar relacionadas com um turnout incorrecto, provocando stress excessivo na coluna, ancas, joelhos e pés (Clippinger, 2005).
Os músculos e tendões vão também limitar a amplitude de movimento na anca, podendo igualmente ser contrariados através de exercícios de aumento de flexibilidade, fortalecimento em grandes amplitudes de movimento e alongamento (Clippinger, 2005).

Um dos ligamentos de maior importância para o bailarino é o ílio-femural que é reforço anterior da cápsula articular (um dos ligamentos mais fortes do corpo) e limita os movimentos de rotação externa e de hiper-extensão da anca. Um alongamento precoce deste ligamento, em conjunto com a cápsula, pode ser importante na aquisição de um turnout máximo.

Assim, os bailarinos que geneticamente apresentam laxidão ligamentar podem adquirir um maior turnout, mesmo quando não apresentam um ângulo ideal de anteversão do colo do fémur (Clippinger, 2005).


Dado que, em carga, o ângulo de turnout pode ser ganho, não só através da rotação externa da anca mas de uma rotação adicional realizada pelas restantes articulações do membro inferior utilizando a fricção, foi chamada a esta manobra, overturning, ou se for excessivo, forcing turnout. Este é um mecanismo com um papel importante na etiologia das lesões não-traumáticas na dança, pelo excesso de carga exercido nos tecidos (Negus et. al, 2005).

Coplan (2002) e Negus et al. (2005), definiram o conceito de "turnout compensado".

Este surge como sendo a diferença entre o ângulo de turnout funcional (ângulo assumido activamente em qualquer uma das cinco posições) e o total de rotação externa passiva das duas ancas

A esta diferença foram também dados os nomes de “Rotação externa não realizada na anca” ou “Rotação externa abaixo da anca”.

Ryan e Stephens (1987) descreveram que forçar os pés para adquirir a posição de turnout para além da amplitude permitida pelas ancas, é provavelmente o erro mais sério que o bailarino pode realizar.

Ana Azevedo e Raul Oliveira, Fisioterapeutas
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LESÕES NO JOELHO DAS BAILARINAS (5)


ANÁLISE MORFO-FUNCIONAL DO EN-DEHORS (3)

Para além de aumentar o risco de lesão, um turnout inadequado pode interferir com o desenvolvimento de skills ou condicionar técnicas/gestos de dança.


Os bailarinos que o realizam, frequentemente desenvolvem compensações indesejáveis, de forma a manter o equilíbrio. Entre as mais frequentes encontram-se:

1) os pés em pronação (overpronation ou rolling in) provocam um aumento da rotação tibial externa levando a alterações no alinhamento quer da articulação patelo-femural (componente valgizante sobre a patela) quer da articulação femuro-tibial (acentuam o valgismo). Ver imagem acima

2) Os joelhos em hiperextensão que aumentam a componente de instabilidade femuro-patelar

3) A excessiva anteversão da bacia associada à hiper-lordose lombar acentuam as alterações anteriores.


Estas compensações/limitações originam assim alterações do alinhamento biomecânico do membro inferior/bacia/coluna com impacto em posturas/gestos indesejáveis para o ballet, enquanto impedem que o bailarino progrida de forma normal na execução de movimentos cada vez mais exigentes (Bennel et al., 1999; Coplan, 2002; Clippinger, 2005; Negus, Hopper & Briffa, 2005).


Estes hábitos/gestos exaustivamente repetidos vão impedir um adequado desenvolvimento da coordenação neuromuscular e força (p ex. nos rotadores externos profundos), uma diminuição da flexibilidade capsulo-ligamentar e músculo-tendinosa ao nível da anca, colocando um obstáculo morfofuncional ao aumento fisiológico do turnout. (Clippinger, 2005).


Um turnout correcto requer mobilidade articular, força e flexibilidade musculares e um padrão de activação neuromuscular adequados no segmento lombo-sacro-pélvico-femural.

Apesar da estrutura anatómica ser um importante factor que limita a execução do turnout, os bailarinos podem aumentá-lo através de uma melhor compreensão da biomecânica e pela execução de exercícios específicos.

A aquisição de um turnout correcto é essencial, não só para o desenvolvimento de skills técnicos mas também para a prevenção de lesões.



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LESÕES NO JOELHO DAS BAILARINAS (4)

ANÁLISE MORFO-FUNCIONAL DO EN-DEHORS (2)

Uma limitação anatómica na rotação externa da anca tem uma grande influência na técnica do bailarino e aumenta o risco de lesões, sobretudo as de sobrecarga/ overuse (Ryan et al., 1988), pois essa falta de rotação externa acaba por ser compensada por segmentos adjacentes como o joelho, a tíbio-társica e pé e ainda pela região lombo-sagrada.

Idealmente, o en dehors é alcançado principalmente por uma rotação externa máxima da anca, com uma pequena contribuição do joelho, tibio-társica e pé (Gelabert, 1977; Dunn, 1965, Sammarco, 1987, Sammarco, 1986).
Apesar de teoricamente a posição de en dehors envolver 90º de rotação externa em cada anca, a maioria dos bailarinos chegam a ter entre 60º e 70º (Ryan et al., 1988; Hardaker et al., 1986).

Assim, o en dehors envolve uma suficiente amplitude de rotação externa da anca (55º a 70º), rotação externa do joelho (10º) e perna (12º) e abdução do ante-pé (Ryan et al., 1988).

Segundo Thomasen (1982) os bailarinos atingem os 180º de turnout, fazendo 70º de rotação externa da anca unilateralmente, 5º de rotação externa da tíbia unilateralmente e 15º de rotação externa em cada pé.

Alguns bailarinos conseguem atingir os 70º ou mais, de rotação externa da anca, sendo esta a forma ideal de atingir os 180º. Mas, os que apresentam limitações da amplitude de rotação externa na anca só podem atingir os 180º através de compensações noutros segmentos articulares.



O primeiro ajustamento deve ocorrer nas ancas, porque um estudante de dança que force os pés a rodar para fora (do joelho para baixo) enquanto os joelhos estão rodados para dentro (ver imagem de cima) pode criar uma excessiva torsão tibial externa com repercussões no alinhamento biomecânico do aparelho extensor/patela e provocar uma alterações artrocinemáticas nas superfícies articulares do joelho (Warren, 1989; Arnheim, 1991), podendo também facilitar o rolling-in dos pés.


Estas limitações se não forem despistadas e se as compensações referidas forem encorajadas por quem insiste apenas no ganho da amplitude máxima de en-dehors, o risco de lesões à distância é elevado (Coplan, 2002, Gilbert et al., 1998).

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LESÕES NO JOELHO DAS BAILARINAS (3)


ANÁLISE MORFO-FUNCIONAL DO EN-DEHORS (1)

A rotação externa do membro inferior (en-dehors/turnout) é solicitada por variadas técnicas de dança, sendo uma característica principal e muito importante desta actividade artística,
A causa mais comum de potenciais problemas no joelho é a limitação do en dehors – rotação externa das ancas - associada à hipermobilidade e à sobrecarga com gestos intensamente repetidos.

O en dehors, termo francês que se refere à rotação externa da anca, é um requisito morfofuncional prioritário a todos os bailarinos, e deve ser adquirido gradualmente ao longo do tempo e do período de crescimento (Arnheim, 1991; Hardaker, 1988).

Factores que influenciam a capacidade de rotação externa da anca (en-dehors):

1) A orientação e forma do acetábulo

2) O ângulo de anteversão entre o colo do fémur e a sua diáfise é crucial na determinação da amplitude disponível de rotação externa da anca. A excessiva anteversão do colo do fémur leva à tendência para maior amplitude de rotação interna e menor rotação externa, o que não é desejável para a dança. Pelo contrário, a retroversão do colo do fémur encontra-se associada à tendência para a rotação externa o que é favorável à dança.


Este ângulo está geneticamente determinado e vai diminuindo ao longo do período de crescimento. Mesmo assim, o colo do fémur permanece em anteversão, mesmo depois da correcção do ângulo ao longo da idade. Contudo, a função/estímulo do treino nestas fases de crescimento pode ter um papel importante interferindo na moldagem da estrutura anatómica inicial. Os bailarinos que começam a praticar mais cedo antes 10/11 anos de idade, estão mais aptos para alterar o ângulo de anteversão do colo do fémur (Clippinger, 2005).


Normalmente, as bailarinas tendem a apresentar maior amplitude de movimento nas ancas que os bailarinos, talvez devido à iniciação mais precoce na dança. Isto porque, aparentemente, o en dehors se desenvolve melhor entre os 10 e os 14 anos (Ryan et al., 1988).


3) Flexibilidade da porção anterior da cápsula articular (particularmente do ligamento ílio-femural) e dos músculos/tendões que cruzam a articulação coxo-femural (Hardaker, 1989; Howse et al., 1992).


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terça-feira, 9 de junho de 2009

LESÕES NO TÉNIS - CASOS REAIS (3)



A 15 de Fevereiro/2009 registávamos no post intitulado LESÕES NO TÉNIS - CASOS REAIS (1) as queixas de Rafael Nadal no joelho, que o obrigaram a parar a competição durante 3 semanas.
As constantes mudanças de direcção e/ou velocidade, com movimentos de "cutting" em diversas sentidos, em pisos diferentes e as recepçãos ao solo após o movimento de serviço, exigem dos joelhos e particularmente do aparelho extensor cargas muito intensas que vão deixando as suas marcas.
As bandas de dispersão de forças de adesivo branco que Nadal usa já há muito tempo em ambos os joelhos sobre a metade inferior dos tendões patelares, parecem indiciar tendinopatias de inserção.
Relembrámos agora os comentários então feitos

COMENTÁRIO 1
Esta condição que parece persistir desde há vários meses sugere uma situação de tendinosis que implica algumas alterações estruturais do tendão, o que exige tempo e paciência. Não há tratamentos milagrosos nem com 100% de sucesso. Se assim fosse já em Fevereiro teria dados esstes resultados.

COMENTÁRIO 2
As criticas que Nadal faz, tal como outros tenistas profissionais ao calendário sobrecarregado de competições fazem todo o sentido mas a defesa do título de nº 1 de mundo nas actuais regras não deixa escolhas.






In Marca de 9 de Junho/2009 - http://www.marca.com/2009/06/09/tenis/1244552287.html

"Llevo jugando con dolor en las rodillas varios meses y personalmente no puedo seguir así. El dolor me limitaba físicamente ciertos movimientos lo cual hacía que tampoco me encontrara bien mentalmente", explicó el jugador español.

"Después de las pruebas realizadas", añadió, "y con el tratamiento adecuado requerido por los médicos, hemos decidido que viajaré a Londres el próximo martes día 16 de junio".

Dos semanas de recuperación Nadal afronta con voluntad de sacrificio las dos semanas que faltan para Wimbledon. "Me quedan por delante dos semanas muy duras de recuperación donde tendré que trabajar, no en lo que más me gusta, que es el tenis, sino en la recuperación a base de fisioterapia y trabajo de recuperación muscular específico de la zona".


COMENTÁRIO 3

Perante estas informações e com um quadro clinico de sinais e sintomas que persistem há "vários meses", provavelmente 2 semanas de tratamento não serão suficientes para R Nadal estar ao melhor nível em Wimbledon. APESAR DE TODA A COMPETÊNCIA, BOA VONTADE E EMPENHAMENTO quer de Nadal quer da equipa clinica que o acompanha, sendo reais as queixas existentes há vários meses sugerem uma situação de tendinose (alterações estruturais do Tendão do quadricipite) bilateral que exige mais tempo e regresso gradual à competição.

El doctor Cotorro, médico de la Federación Española y responsable del centro MAPFRE de medicina del tenis, precisó que Nadal "presenta, una vez realizadas las pruebas pertinentes (RNM, ecografía y gammagrafía ósea) una "tendinitis de inserción" de ambos tendones cuadricipitales con ligero edema óseo en ambos polos superiores de rótula".
"Será sometido a tratamiento intensivo a base de antinflamatorios orales, mesoterapia local más fisioterapia (Magnetoterapia, termoterapia) así como potenciación muscular progresiva de ambos cuádriceps", añadió.
Nadal regresará a la actividad deportiva de forma progresiva "a partir de las 48 horas de tratamiento". Diz a notícia da Marca

COMENTÁRIO 4

Não há evidência cientifica que este tipo de tratamentos preconizada seja o mais eficiente nem garantias que se invertam as alterações estruturais dos tendões em pouco tempo e muito menos em 48 horas. Não há tratamentos milagrosos no caso das tendinopatias crónicas nem tipos de tratamento com 100% de sucesso.

Todos gostariamos de ver R Nadal a defender o seu título em Wimbledon e jogar ao mais alto nível pelo que esperamos que os tratamentos tenham os efeitos desejados em tempo útil.

Para mais informações ver TENDINOPATIA PATELAR (1) a TENDINOPATIA PATELAR (6) de Março de 2009 onde se desenvolve este tema, particularmente o post (6) sobre a intervenção terapêutica. Algumas vezes pode-se "mascarar" o problema por algum tempo, iludir algumas queixas mas "a factura" acaba sempre por aparecer.

Raul Oliveira, Fisioterapeuta
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
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Faculdade de Motricidade Humana

LESÕES NO JOELHO DAS BAILARINAS (2)



Existem alguns gestos e técnicas que contribuem para o risco acrescido de lesão do joelho do bailarino(a) tais como os saltos repetitivos com recepções ao solo menos controladas, os pliés excessivos, as posições extremas de rotação externa dos membros inferiores (soma das diferentes rotações existentas na anca, joelho e pé) muitas vezes em apoios unipodais e os movimentos do torsão/rotação do tronco com um membro inferior apoiado (imagem abaixo)



O tipo de piso /superfícies de treino não adequados, o calçado e a persistência em gestos técnicos incorrectos que geram desequilíbrios musculares também são factores de risco adicional para ocorrência de lesões no joelho (Milan, 1994).


A causa mais comum de potenciais problemas no joelho é a limitação do en dehors – rotação externa das ancas - associada à hipermobilidade e à sobrecarga com gestos intensamente repetidos.

Sendo assim, é importante que o bailarino desde estudante tenha a noção das suas próprias limitações anatómicas, para que aprenda a trabalhar dentro dos seus limites (Howse & Hancock, 1992).
Isto porque, certos padrões de flexibilidade (por exemplo, a capacidade de assumir um en dehors completo nos homens) podem predispor o bailarino a lesões de overuse (Hamilton et al., 1992; Klemp et al., 1986, Klemp et al., 1984). E reciprocamente, a falta de padrões de flexibilidade como reduzida amplitude de en dehors da anca e reduzida amplitude de flexão plantar na tíbio-társica, pode predispor as bailarinas a lesões de overuse (Hamilton et al., 1992; Gans, 1985, Kushner et al., 1990, Reid, 1987).
Um turnout inadequado na articulação das ancas pode levar ao chamado “screwing the knees”. Quando o bailarino se encontra em demiplié coloca os pés orientados com o eixo horizontal e fazendo extensão dos joelhos a partir dessa posição, coloca um stress adicional nas estruturas internas do joelho (aumenta o risco de lesão ligamentar ou meniscal no compartimento femuro-tibial interno) e altera as forças que actuam sobre a patela aumentando a sua componente de desvio externo (Milan, 1994).

No final da extensão do joelho e de acordo com a sua biomecânica , o fémur roda internamente sobre a tíbia ("screw-home mechanism" ou rotação automática).
Neste contexto, enquanto que a tíbia e o pé são mantidos passivamente em rotação externa devido aos 180º de turnout e à carga sobre o membro inferior, as forças de stress que incidem sobre o joelho que se dirige para a extensão completa leva a uma rotação interna do fémur alterando o angulo Q (Coplan, 2002) e gerando forças desequilibrantes sobre a patela numa altura em que ela é mecânicamente mais instável dentro da tróclea (extensão completa).

Um outro mecanismo de lesão é a hiper-extensão dos joelhos que pode ter como consequência um estiramento das estruturas posteriores (musculares e capsulares) (Reid, 1988) como vemos na imagem de cima


Ana Azevedo e Raul Oliveira, Fisioterapeutas
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LESÕES NO JOELHO DAS BAILARINAS (1)

A dança é uma forma de arte em movimento que combina competências técnicas, capacidades físicas e neurofisiológicas como a coordenação, flexibilidade, força e resistência musculares, resistência cardiovascular e ainda elevados padrões de estética num contexto de forte pressão emocional.


O género e os estilos de dança assim como a importância dos papéis do(a) bailarino(a) são factores importantes no desenvolvimento e prevalência de certos tipos de lesões na dança.
Cada forma de dança desenvolveu ao longo dos anos, técnicas e estilos específicos, colocando uma particular exigência no corpo humano e podendo contribuir de certa forma para a ocorrência de lesões específicas (Ryan & Stephens, 1988). Caine e Garrick (1996) também referem que há lesões específicas e respectivas localizações anatómicas que podem ser atribuídas a técnicas específicas de dança que impõem riscos também singulares.

É necessário conhecer o tipo de dança predominante dos bailarinos a fim de se analisar o modo como podem influenciar o treino e a coreografia (Ryan et al., 1988).




As exigências da dança moderna são diferentes das exigências do ballet clássico (DeMann, 1997). Os bailarinos de ballet clássico e contemporâneo diferem na técnica, nos movimentos usados na coreografia e no calçado. Os bailarinos de ballet e moderno utilizam padrões musculares diferentes em movimentos similares (Trepman, Gellman, Solomon, Murthy, Mitcheli & Luca, 1994). Também Spilken (1990) refere que os diferentes tipos de dança utilizam músculos e posições corporais diferentes.





Os movimentos no ballet muitas vezes envolvem graus excessivos de rotação externa da anca e do joelho. Além disso, as bailarinas de ballet movem-se e equilibram-se na maioria das vezes nos dedos dos pés usando um calçado especial (sapatilhas de pontas). No ballet, muitas vezes, os movimentos são executados de uma forma muito precisa, frequentemente contrariando os movimentos corporais típicos e causando muitas lesões (Arnheim, 1991).


As lesões na dança apresentam uma etiologia multifactorial:

Os factores de risco associados às lesões na dança interagem entre si e podem-se classificar em(Byhring et al., 2002):

A) FACTORES INTRÍNSECOS (relacionados com o individuo)

1) Composição corporal e Índice de Massa Corporal (IMC)

2) Hábitos alimentares e estilos de vida. Saúde Geral

3) Condição Física de base não adequada: Sobrecarga que gera fadiga e fraqueza geral.

4) Preparação pré-dança ("aquecimento corporal") e formas de recuperação do esforço (períodos de descanso insuficientes e formas de recuperação activa pós-esforço corporal)


5) Variações anatómicas (limitações mecânicas como por exemplo no en-dehors), eixos biomecânicos (p.ex valgismo dos joelhos e/ou excessiva anteversão do colo do fémur que vai limitar a amplitude de rotação externa da anca) e desequilíbrios musculares.

6) Alterações hormonais associadas a disfunção menstrual (bailarina)

7) Factores psicológicos e stress socio-profissional sobre o bailarino(a)

8) Idade e anos de prática


B) FACTORES EXTRÍNSECOS (relacionados com as condições da prática)
(Bachrach, 1987; Arnheim, 1991; Meulebroucke et al., 1994; Caine et al., 1996).


1) Tempo de exposição à dança e tipos de dança praticadas (intensidade e tempo de prática concentrada)

2) Métodos de treino e condições externas como solos impróprios para prática de dança,

3) Aspectos Gestuais como técnicas de dança imperfeita/ineficaz;

4) Ambiente de trabalho como a temperatura ambiente e equipamento utilizado

5) Pressão do meio socio-profissional e dos media


As lesões do joelho compreendem 20 a 35% de todas as lesões que ocorrem no bailarino(a)

A condição descrita como sendo a mais comum é a dor peri-patelar (51%). O seu diagnóstico mais comum inclui o Sindrome femuro-patelar que pode englobar entidades clinicas como a instabilidade femuro-patelar (síndrome de hiperpressão externa e a sub-luxação externa), condropatias, condromalácia da rótula, o síndrome da plica sinovial, a bursite, tendinopatias em diversos locais do aparelho extensor e as fracturas de stress da rótula.

Entre as lesões do joelho menos comuns estão a lesão de ligamentos, as lesões meniscais, o síndrome da banda ilio-tibial, a tendinopatia do popliteu e dos tendões da “pata de ganso”, entre outras (Reid, 1988).


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