Efeito Imediato de um Programa de Estiramentos Estáticos na Produção de Força do Quadricípete e Isquiotibiais IN Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto (julho/2010, Vol 4, nº 2).
Débora Rocha & Rui Torres
RESUMO
Introdução: A realização de programas de estiramento muscular é uma prática comum na actividade desportiva, no entanto, o efeito agudo da sua aplicação na performance desportiva, particularmente ao nível dos diferentes parâmetros da manifestação da força muscular, não está ainda suficientemente estudada.
Relevância: Este estudo pretende ajudar a compreender a resposta neuromuscular ao estiramento e ajudar os fisioterapeutas envolvidos no desporto na tomada de decisão na progressão dos programas de reabilitação.
Objectivo: Verificar o efeito imediato da aplicação de um único programa de estiramentos estáticos, na produção de força do quadricípete e isquiotibiais, nomeadamente ao nível do: (i) peak torque; (ii) tempo de atingimento do peak torque; (iii) torque aos 30º; (iv) trabalho total; e do (v) ângulo de atingimento do peak torque.
Metodologia: Foi seleccionada uma amostra de 17 indivíduos do sexo feminino, com uma média de idades de 21.59 (0.94) anos, peso de 57.65(6.33) kg e altura de 1.63 (0.07) m. Foi efectuado um estudo experimental, com um desenho cruzado, onde todos os elementos pertenceram simultaneamente e de modo aleatório aos grupos controlo e experimental. O programa de estiramentos com cerca de 20 minutos, foi aplicado aos músculos quadricípete e isquiotibiais do membro inferior dominante, tendo consistido em 3 formas de estiramento para cada músculo, repetidas 6 vezes cada durante 15 minutos. O período de repouso entre cada estiramento foi de 15 segundos. Ambos os grupos foram sujeitos a uma avaliação da força muscular, realizada no dinamómetro isocinético Biodex System 3® (Biodex, Inc., Shirley, New York, USA), composta por 3 contracções concêntricas máximas à velocidade de 60 e 180º/Seg. No grupo controlo, esta avaliação foi efectuada antes e após um período de 25 minutos de repouso, e no grupo experimental antes e 5 minutos após a realização do programa de estiramentos. Resultados: No grupo experimental verificou-se uma diminuição significativa do peak torque no quadricípete e isquiotibiais, nas duas velocidades estudadas, sendo essa diminuição de 8.63 (6.03) e 3.30 (2.70) N/m no músculo quadricípete e nos isquiotibiais 7.14 (5.37) e 4.73 (3.26) N/m, na velocidade de 60 e 180º/ Seg., respectivamente. No que se refere ao torque aos 30º, o grupo experimental apenas manifestou diferenças nos músculos isquiotibiais, tendo diminuído 7.26 (5.50) N/m e 3.33 (5.58) N/m a 60 e 180º/Seg., respectivamente. Também a diferenças ao nível do trabalho total só foi significativa nos músculos isquiotibiais, tendo a 60º/Seg., diminuído 25.98 (24.63) J e, a 180º/Seg., diminuído 14.7 (16.58) J. Relativamente ao tempo e ângulo de atingimento do peak torque, não se verificaram diferenças significativas (p> 0.05).
Conclusão: Os estiramentos estáticos produziram uma diminuição do peak torque a 60 e 180º/Seg. ao nível do quadricípete e isquiotibiais. Os isquiotibiais sofreram ainda uma diminuição do torque aos 30º e do trabalho total, nas duas velocidades estudadas.
Palavras-Chave: Estiramentos estáticos; efeito imediato; força muscular; quadricípete; isquiotibiais
Os autores aconselham "os profissionais envolvidos no desporto a ponderar o risco/benefício da implementação de programas de estiramento imediatamente antes da realização de actividades de elevada exigência neuromuscular".
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