quinta-feira, 2 de abril de 2009

MARCHA COMO PADRÃO NEURO-MOTOR (3)

MARCHA: GÉNESE E EVOLUÇÃO (2)

Muitas das características estereotipadas da actividade locomotora são controladas a níveis medulares com circuitos de rede neurais estabelecidos ainda no período embrionário (Bradley e Bekoff, 1989).

Thelen, E. e colegas (1989, 1991) aplicaram o modelo dos SISTEMAS DINÂMICOS ao desenvolvimento neuromotor. Os sistemas de movimento auto-organizam-se ou tem características de auto-organização e auto-regulação permitindo que possam espontaneamente gerar padrões dos mais simples aos mais complexos consoante o desenvolvimento individual de cada sistema e o seu contributo especifico para o desenvolvimento integrado de todo o “META-SISTEMA”.
O padrão neuromotor que é responsável pelos movimentos rítmicos e alternados observados no stteping ou marcha automática do recém-nascido é inato (Forssberg, 1985) e semelhante ao padrão do "kicking" em decúbito dorsal.
O mecanismo gerador do “kicking” na posição de decúbito dorsal é também o responsável pelo padrão do “stteping” do RN e que já está presente in-útero quando o feto inicia os movimentos com os membros inferiores contra a barriga da mãe (ver imagem abaixo e filme do anterior post MARCHA COMO PADRÃO NEURO-MOTOR (2)
O kicking é um padrão que não exige a mesma força muscular a nível dos membros inferiores do que a força muscular necessária para o “stteping”, uma vez que os efeitos da força de gravidade estão muito minimizados no “kicking (Thelen e colegas, 1989 e 1984).
O “stteping das crianças não necessita de ser inibido, pois já representa a operacionalização de mecanismos de controle postural e motor que são os percursores dos mecanismos envolvidos no controle da marcha normal (Forssberg, 1985; Thelen e outros, 1984; Zelazo, 1983).
Por outro lado há uma semelhança entre os padrões cinemáticos dostteping neonatal e os da marcha no adulto.
Isto significa que os padrões primitivos responsáveis pelos movimentos in-útero parecem ser os percussores dos padrões neuromotores quer da "marcha automática"/stepping neonatal quer da marcha autónoma.
Numa perspectiva de desenvolvimento, a coordenação intra-membros desenvolve-se primeiro que a coordenação inter-membros, com os 1ºs movimentos nos segmentos proximais e posteriormente nos segmentos mais distais - desenvolvimento cefalo-caudal -

A coordenação inter-membros desenvolve-se, primeiro com padrões alternados e depois com padrões sincronizados (Stehouwer & Farel, 1984)

Os sistemas adaptativos para o controle postural dinâmico, organizado a níveis mais elevados do que os que controlam os padrões motores inatos, desenvolvem-se ao longo do tempo a partir de contextos de prática e experiências proporcionadas pelo meio envolvente (Forssberg, 1985)



A emergência da marcha autónoma é a expressão ou o resultado de um refinamento do controle do equilíbrio ainda mais eficiente, a partir da “rede neuro-muscular” anterior que era responsável pela primeira “marcha assistida” (Forssberg, 1985).

A emergência da marcha autónoma enquanto padrão neuromotor será desenvolvida mais à frente.

Raul Oliveira/ Alexandra Oliveira, Fisioterapeutas
R`Equilibriu_us, Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 / 917231718
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana

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