A instabilidade articular crónica da articulação tibio-társica resulta de mecanismos de entorse recidivantes provocando lesões capsulo-ligamentares potencialmente mais incapacitantes não só nas estruturas inicialmente lesadas como em ligamentos adjacentes e outras estruturas periarticulares.
A instabilidade crónica da tíbio-társica foi descrita por Caulfield et al (2006) como a perturbação residual mais comum deste complexo articular e surge quando há uma alteração mecânica e artrocinemática da estabilidade articular, secundária a sucessivas lesões da tíbio-társica, resultando em défices do controlo neuromuscular (Gribble et al., 2004).
FACTORES DE RISCO ASSOCIADOS À INSTABILIDADE CRÓNICA:
1) A história prévia de lesão da tíbio-társica é o factor predisponente mais comum para a ocorrência desta condição (McKeon & Hertel, 2008).
2) Processos de reparação/regeneração tecidular de lesões anteriores incompletos ou ineficientes.
3) Alterações na coordenação neuromuscular e tempo de reacção dos músculos peroneais, mais do que a força muscular como componente isolada
4) Défices proprioceptivos - diminuição na percepção do sentido de posição/movimento articular (Forkin DM, Koczur C, Battle R, et al., 1996; Refshauge KM, Kilbreath SL, Raymond J. , 2003)
5) Perturbações do controle postural/equilíbrio dinâmico e instântaneo (Guskiewicz & Ross , 2005)
6) Alterações biomecânicas associadas ao tipo de pé e sua interface com o calçado e Alterações da mobilidade funcional do tornozelo e pé
INSTABILIDADE MECÂNICA (estrutural) + INSTABILIDADE FUNCIONAL = INSTABILIDADE CRÓNICA
No entanto pode haver uma instabilidade mecânica (hipermobilidade por laxidão capsulo-ligamentar) sem haver instabilidade funcional em virtude de os mecanismos neurofisiológicos de protecção articular estarem operacionais, equilibrados e serem eficientes.
Pode ainda haver uma instabilidade funcional (alterações na coordenação neuromuscular e equilíbrio) mesmo na presença de uma estabilidade mecânica articular, o que acontece pós períodos de imobilização/inactividade prolongada (ver EFEITOS DA IMOBILIZAÇÃO PROLONGADA NA RECUPERAÇÃO DAS LESÕES DOS TECIDOS MOLES de 24 de Jan/2009).
Os programas de Fisioterapia devem-se centrar sobretudo nos aspectos funcionais relacionados com o treino de equilíbrio e coordenação sensorio-motora (Balance/coordination training).
Em alguns casos e contextos pode ser útil a utilização de protecções externas (estabilizadores laterais do tornozelo - ankle brace) para minimizar a instabilidade mecânica.
Raul Oliveira, Fisioterapeuta
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 /917231718
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 /917231718
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana
Sem comentários:
Enviar um comentário