sexta-feira, 6 de março de 2009

DOR: CONCEITO E ASPECTOS GERAIS (2)

AVALIAÇÃO DA DOR

Melzack, R. & Wall, P. (1982) dizem que a intensidade e a natureza da dor são influenciados pelas experiências anteriores, pelas memórias que delas temos e pela capacidade de compreender as suas causas e efeitos.
O meio cultural e socio-familiar em que vivemos desempenha um papel essencial na maneira como sentimos, lidamos e nos comportamos perante a dor e/ou sofrimento.
A evolução do conhecimento da anatomia, fisiologia, psicologia e comportamento humano, ajuda-nos a entender melhor o conceito "DOR" nas suas várias dimensões e impactos na vida das pessoas.

A percepção/vivência da dor enquanto sintoma é caracterizada como uma experiência multidimensional, que é personalizada na qualidade e na intensidade somato-sensorial e é condicionada por factores emocionais e psicossociais também singulares.
A Sociedade Americana de Dor descreveu a dor como o 5º sinal vital que deve sempre ser registado ao mesmo tempo e no mesmo ambiente clínico em que também são avaliados os outros sinais vitais: temperatura, frequência cardíaca, respiração e pressão arterial.
MEDIR A DOR
Sendo a dor uma experiência subjectiva, pessoal e única, não pode ser objectivamente medida por um instrumento padrão que permita a um observador externo determinar um valor universal. A medição de um fenómeno eminentemente subjectivo tem naturalmente uma componente principal também subjectiva.
Para uma avaliação mais detalhada da dor é importante que o Fisioterapeuta que lida com paciente onde a dor seja um sintoma/sinal cardinal, tenha em conta todo um conjunto de variáveis e características individuais, tais como, a idade, o sexo, a etnia, a religião, os valores pessoais e culturais, as experiências anteriores de dor, a educação, o meio social, as patologias e/ou disfunções associadas, entre outras. São todos estes factores que tornam a vivência da dor no sujeito como uma experiência única.
Existem vários métodos para avaliar a percepção/sensação de dor. Podem-se dividir em:
A) Instrumentos unidimensionais aplicados para quantificar apenas a severidade ou a intensidade da dor e usados frequentemente em ambiente clínico para se obterem informações rápidas, não invasivas e válidas sobre a dor e a analgesia.
Podem ser de três tipos:
1. visual analógica: o paciente, através de uma régua, indica a intensidade de sua dor; numa extremidade tem-se “ausência de dor” e na outra “a pior dor possível" . (EVA - ver imagem abaixo)


2. numérica: o paciente quantifica a intensidade de sua dor numa escala de 0 a 10.
3. categórica: o paciente classifica a sua dor como ausente, leve, moderada ou severa.




B) Os instrumentos multidimensionais são aplicados para avaliar e medir as diferentes dimensões da dor a partir de diferentes indicadores de respostas e suas interacções. As principais dimensões avaliadas são a sensorial, a afectiva e a avaliativa.
Algumas escalas multidimensionais incluem indicadores fisiológicos, comportamentais, contextuais e, também, os auto-registos por parte do paciente. Exemplos desses instrumentos são a escala de descritores verbais diferenciais, como Questionário McGill de avaliação da dor





O alívio da dor é actualmente visto como um direito humano básico e, portanto, trata-se não apenas de uma questão clínica, mas também de um imperativo ético que deve envolver todos os profissionais de saúde.


Raul Oliveira, Fisioterapeuta

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