domingo, 29 de março de 2009

LOMBALGIAS NO VOLEIBOLISTA (2)


LOMBALGIAS NOS VOLEIBOLISTAS (2)


As lombalgias são mais que uma disfunção meramente física ou mecânica, e na sua análise e compreensão é necessário ter em conta as suas diferentes dimensões - biomorfológica, funcional e biomecânica, psicossocial e sociodesportiva.



As lombalgias são a expressão de um cruzamento e interdependência de factores de risco que derivam de cada uma das vertentes anteriormente mencionadas, ou seja, este fenómeno resulta da interacção e combinação de factores de risco que são multidimensionais e não actuam isolados.


Então que factores e mecanismos estarão associadas às lombalgias nos atletas em geral e nos voleibolistas em particular ?
* Práticas desportivas precoces para a capacidade física dos atletas, são um factor determinante para o desencadear das lombalgias.

* Práticas de elevada intensidade e cargas físicas muito repetidas e/ou muito pesadas predispõe a ocorrência de lombalgias (Balagué, 1988 ; Salminem, 1994 e 1996; Sward, 1992 ; Kujala, 1996.)

* Hipermobilidade da coluna vertebral por repetição exaustiva de determinados gestos (de forma a aumentar a mobilidade e a melhorar a prestação motora) é também um factor de risco especialmente em jovens praticantes, em fase de crescimento.

* Alterações posturais estáticas e dinâmicas da coluna vertebral também podem ser um factor predisponente para o aparecimento de lombalgias (Salminen, 1992), assim como;

* Variáveis antropométricas como o tamanho/envergadura e assimetria do tronco (Nissinen et al , 1994).

* Factores psicossociais relacionados com o stress da competição, a ansiedade e até mesmo com a desmotivação (Balagué et al, 1988 e 1995)

* Predisposição familiar (Salminen, 1984 ; Balagué et al 1992 e 1995) e/ou genética que não poderia deixar de ser considerados como factores associados à manifestação deste fenómeno.



- Relacionado com a prática do voleibol podem-se também distinguir situações específicas que podem contribuir para o despoletar da condição:

* alterações bruscas (quer a nível qualitativo quer a nível quantitativo) de intensidade, duração, frequência de treino.
* técnicas e gestos executados incorrectamente; predominância de gestos assimétricos; movimentos combinados muito rápidos; movimentos de torsão /rotação;
* situações de stress, ansiedade e até agressividade a que os atletas são submetidos e
A reduzida resistência muscular dos abdominais (Salminen, 1984 e 1992) e dos extensores da coluna (Salminen, 1992) e a diminuição da força muscular e tónus postural de suporte foram também considerados como um factor de risco.

Os períodos de crescimento rápido nos adolescentes são também um factor de risco predisponente para a ocorrência de lombalgias (Fairbank e colegas, 1984 ; Harvey e Tanner, 1991 ; Micheli, 1995).


Olsen e colegas (1992) e Burton (1996) apontaram a idade de 15 anos como ao período em que a ocorrência de lombalgias aumentavam significativamente.


O desfazamento no ritmo de crescimento das estruturas esqueléticas em relação às estruturas musculo-tendinosas e aponevróticas nos jovens na fase de crescimento, levam à adopção de posturas lordóticas por retracções da fascia dorso-lombar e dos músculos posteriores da coluna lombar e coxa (hamstrings) provocando sobrecarga e situações de stress nas articulações interapofisárias posteriores, levando à ocorrência de lombalgias.


Raul Oliveira, Fisioterapeuta
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 /917231718
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana

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