domingo, 15 de março de 2009

LOMBALGIAS (8)



LOMBALGIA CRÓNICA

A dor lombar tem uma origem num problema físico e tem uma componente neurofisiológica, num sujeito único num contexto social particular.
Mas o impacto que a dor pode colocar, extravasa largamente os domínios físicos e biológico.


Há um conjunto de factores psicossociais e culturais que influenciam a forma como o sujeito no seu contexto socio-profissional lida com a dor e com os seus efeitos no desempenho funcional, o que faz e no que acredita para resolver o seu problema e ainda como é que as outras pessoas, os diferentes profissionais de saúde e a sociedade fazem para o ajudar a resolver os sintomas e a enfrentar o seu problema.
Isto reflecte um modelo biopsicossocial defendido por Waddell, G. (1998) que sugeriu o esquema abaixo representado.
O fenómeno da dor lombar integra-se em domínios mais abrangentes onde entram as crenças e as atitudes do sujeito, as características de personalidade, stress psicológico, comportamento perante a dor e ambiente social.
No caso das lombalgias recorrentes e crónicas devemos ter sempre em conta este modelo



Numa frase podemos dizer que DEVEMOS TRATAR O PACIENTE COM LOMBALGIA, COMO SUJEITO INDIVIDUAL E INTEGRADO NO SEU CONTEXTO FUNCIONAL . Não se tratam patologias, imagens (Rx; Ressonância Magnética, etc.), diagnósticos mas sim pessoas concretas com problemas reais que vão mudando.
DOR LOMBAR PERSISTENTE - FACTORES A DESPITAR (E. Thomas et al. (1999), BMJ;318:1662-7

- Elevado stress psicológico
- Baixa Auto-Percepção do estado de saúde
- Níveis reduzidos de actividade física regular / sedentarismo
- História anterior de dor lombar
- Hábitos tabágicos /alcoólicos
- Desemprego, insatisfação no trabalho
- Stress ocupacional e familiar


A DOR É UM FENÓMENO NEUROFISIOLÓGICO, MAS A SUA EXPRESSÃO E IMPACTO NAS NOSSAS VIDAS É ESSENCIALMENTE UM FENÓMENO PSICOSSOCIAL


Neste âmbito existem diversos factores "yellow flags"que podem aumentar o risco de percepção da dor, do desenvolvimento de processos recidivantes ou crónicos com implicações no desempenho funcional a longo prazo.

1) Atitudes e crenças inadequadas sobre a dor lombar (p.ex. a crença que a lombalgia não- especifica é uma patologia grave)
2) Comportamento perante a dor inadequado (padrão de evitamento total, dramatização e diminuição global de toda a actividade).
3) Problemas na actividade profissional (insatisfação no trabalho)
4) Problemas emocionais/afectivos (depressão, anxiedade, stress, etc.).

Neste caso a abordagem deverá ser multidisciplinar com componentes cognitivas e comportamentais associadas aos estilos de vida activos e a métodos de tratamento centrados na pessoa.

Raul Oliveira, Fisioterapeuta
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 /917231718
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana

2 comentários:

  1. Gostei demais da reportagem. Acho que me encaixo nos ítens 3 e 4. Sinto q minha lombalgia é emocional. Só não sei o que fazer pois ñ cofio muito nos médicos. abraços!!!!

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  2. Tereza: agradeço o seu comentário. Quando assim é e como é reconhecido por si (itens 3 e 4) a resolução do problema está menos na mão dos médicos e fisioterapeutas e mais em si própria. Procure enfrentar os problemas (coping) com o ambiente de trabalho e os seus próprios problemas pessoais de forma positiva e com vontade de os controlar/gerir e não deixar que esses "problemas" a controlem a si. Associe a esta "postura de vida" positiva, hábitos de actividade física regular que goste e que seja possivel realizá-los. Apareça sempre. Raul Oliveira

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