domingo, 1 de fevereiro de 2009

LESÕES NOS BAILARINOS (2)


Lesões no Sistema Músculo-esquelético em Bailarinos Profissionais, em Portugal, na Temporada 2004/2005

Azevedo, A.P.; Oliveira, R.; Fonseca, J.P.


Segundo o nosso estudo, a elevada prevalência anual de lesões músculo-esqueléticas (68%) nos bailarinos profissionais, em Portugal, enquadra-se nos valores apontados por estudos semelhantes no Reino Unido, Austrália, Suécia e Noruega (Bowling, 1989; Geeves, 1990, Ramel et al., 1994; cit. por Brinson et al., 2001; Byhring et al., 2002; Laws, 2004).

A grande maioria das lesões ocorreu no membro inferior (56,9%); 33,0% ocorreram na coluna vertebral, 7,8% no membro superior e 2,3% noutros locais anatómicos. Estes dados são confirmados por Ryan & Stephens (1987) e Caine et al. (1996), demonstrando a elevada exigência técnica e física nesta região para a prática de dança, a nível profissional.


A região anatómica mais afectada foi o joelho (16,8% do total), indo de encontro à opinião de Caine et al. (1996). Como Huwyler (2002) salientou, o joelho está constantemente em risco de sofrer lesão, seja pelo bailarino aplicar incorrectamente a técnica, como o en dehors forçado no joelho, seja por hiperextensão dos joelhos ou por alteração no alinhamento dos segmentos articulares do membro inferior.

Segundo Byhring et al. (2002), a maioria das lesões na dança ocorrem no pé, tendo sido o segundo local mais afectado (14,7%) no nosso estudo.

O terceiro local mais lesionado foi a coluna lombo-sagrada e cóccix (13,1%). No estudo de Brinson et al. (2001), 44% das lesões atingiram a coluna lombar, um valor muito mais elevado do que no nosso estudo.

Houve mais bailarinos do sexo masculino que sofreram lesões no ombro e braço. Estes resultados relacionam-se com o trabalho desenvolvido pelos bailarinos no que diz respeito ao suportar e elevar as bailarinas, frequentemente acima do nível da cabeça. O facto de ocorrer um maior número de lesões no ombro dos bailarinos é corroborado por Brinson et al. (2001).

Segundo Caine et al. (1996), há lesões específicas e respectivas localizações anatómicas que podem ser atribuídas a técnicas específicas de dança.

Neste estudo não se verificaram diferenças significativas entre a prevalência de lesões e o tipo de dança predominante dos bailarinos e o risco estimado foi semelhante. Todavia, a dimensão reduzida da nossa amostra limita-nos as análises absolutas em relação a este ponto. Apesar de não haver uma possível relação, salienta-se que cada estilo de dança, cada técnica e cada tipo de horários terão um efeito diferente na biomecânica corporal, que se traduz numa pequena diferença e que se poderá observar em amostra maiores e/ou estudadas por mais tempo.


excertos do artigo publicado na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto, vol.1, nº 1: 32-37
in
http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/inicio/numeros-anteriores/volume-1-numero-1.php e comunicação oral apresentada no 13ª European Congress of Sports Sciences, Estoril, Julho/2007
Ana Azevedo e Raul Oliveira, Fisioterapeutas
Consulta da(o) Bailarina(o)
Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 / 917231718

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