quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

LIGADURA FUNCIONAL (1)

LIGADURA FUNCIONAL

DADOS HISTÓRICOS deste CONCEITO em PORTUGAL - ORIGENS E PERCURSO DE UMA ABORDAGEM CENTRADA NO MOVIMENTO E FUNÇÃO PRECOCE E/OU PROTEGIDA

Desde os anos 80 (1984/85) quando os primeiros fisioterapeutas portugueses iniciaram a sua actividade com atletas que integraram na sua intervenção o conceito de Ligaduras Funcionais para a prevenção e tratamento das lesões desportivas.
O Grupo de Interesse de Fisioterapia no Desporto da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas foi fundado em Maio de 1985 quando foram organizadas as 1ªs Jornadas de Fisioterapia no Desporto que decorreram no Centro de Medicina Desportiva de Lisboa. Estiveram presentes nestas jornadas o FT Brian Webster (Birmingham - Reino Unido) que leccionou na semana anterior, o 1º curso de pós-graduação de Fisioterapia no Desporto e alguns dos melhores médicos ligados ao desporto (destaque para o saudoso Dr. Espregueira Mendes).

Nesse mesmo ano de 1985, num estágio de 5 semanas realizado em Inglaterra, tive a oportunidade de trabalhar quer com Brian Webster (Birmingham) e Rose MacDonald (Londres - Centro Nacional de Desportos) na área da Fisioterapia no Desporto, onde comecei a aplicar as primeiras ligaduras funcionais em lesões desportivas.
Em Maio de 1986 organizámos o 1º curso de Ligaduras Funcionais com Rose MacDonald em Portugal. Esta colega tinha já um livro publicado sobre o tema e era uma referência internacional na Fisioterapia no Desporto.
Com a experiência entretanto adquirida em Abril de 1987 iniciámos (FTs Paulo Araújo e Raul Oliveira) a formação em larga escala do conceito das ligaduras funcionais com o 1º curso realizado no Funchal.

Depois disso sucederam-se várias acções de formação de Norte a Sul do país, envolvendo outros colega e dirigidas a FTs bem como acções de divulgação junto de médicos ligados ao desporto e treinadores/atletas.

Em 1989, 4 FTs (João Amorim, Nuno Morais, Rui Mamede e Raul Oliveira) publicaram um conjunto de 4 artigos na revista Treino Desportivo onde abordaram igualmente o conceito das ligaduras funcionais e temas afins à Fisioterapia no desporto.

Simultaneamente desde o fim dos anos 80 e início dos anos 90 foram integrados na estrutura curricular dos cursos base de Fisioterapia o conceito das ligaduras funcionais.
Posteriormente já na no final da década de 90 e nos primeiros anos desta última década surgem os primeiros estudos de pesquisa feitos por FTs portugueses no âmbito das suas Monografias de Licenciatura ou teses de Mestrado.
Quase 25 anos depois, podemos dizer que é uma abordagem que continua actual (ver imagens do post - LESÕES NOS TENISTAS (8) ) amplamente divulgada e fazendo parte dos skills fundamentais de um Fisioterapeuta mas que precisa de ser continuamente avaliada a sua eficácia e aplicação, como qualquer outro modelo de intervenção.

CONCEITO
A Ligadura Funcional protege,apoia e/ou suporta de forma selectiva, determinadas estruturas de uma unidade funcional, controlando e/ou limitando as componentes do movimento que desencadeiam ou agravam a lesão, mas acima de tudo permitindo a função dentro de limites de segurança e conforto.
As Ligaduras Funcionais (LF) dividem-se em dois grandes grupos:

1) Ligaduras Funcionais Terapêuticas - utilizadas após a ocorrência de uma lesão, podendo ter um efeito mais controlador ou protectivo, em função da fase de evolução da situação.
Numa fase imediata após a lesão, a LF Terapêuticas tem como principais objectivos:
a) Proteger as estruturas implicadas na lesão (ex: limitar o movimento que desencadeou a lesão);
b) Controlar as respostas inflamatórias da lesão (ex: controlar o edema, hematoma, dor);
c) Criar as melhores condições para a cicatrização tecidular das estruturas lesadas, para que esta venha a readquirir as suas características tecidulares e mecânicas originais;
d) Proporcionar a função, sem comprometer a reparação/cicatrização.
e) Proteger a estrutura afectada, prevenindo a ocorrência de recidivas.


2) Ligaduras Funcionais Profilácticas
Utilizadas para prevenir recidivas de lesões adquiridas anteriormente, bem como, a ocorrência de lesões específicas relacionadas com determinados gestos/actividades.
Não devem substituir os mecanismos fisiológicos de protecção das estruturas, mas sim, apresentarem-se como meio suplementar.

Objectivos:
a) Conferir um suporte adicional a uma estrutura previamente lesionada, minimizando a possibilidade de recidiva.
b) Proteger as estruturas anatómicas, das forças de tensão e de stress repetitivos, inerentes a um determinado gesto/actividade, que poderão incrementar o risco de lesão.

As LF profilácticas têm indicação:
Quando o nível de actividade, em temos qualitativos e/ou quantitativos, pode aumentar o risco de lesão.
Após a recuperação de uma lesão, no inicio da reintegração na actividade normal, enquanto as estruturas lesionadas se apresentam fragilizadas.

Raul Oliveira, Fisioterapeuta
Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 /917231718
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana

Sem comentários:

Enviar um comentário