segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

LESÕES NOS BAILARINOS (3)

Lesões no Sistema Músculo-esquelético em Bailarinos Profissionais, em Portugal, na Temporada 2004/2005 (CONT)


Azevedo, A.P.; Oliveira, R.; Fonseca, J.P.


Houve uma maior tendência para ocorrer lesões nos ensaios (46,3%) e nas aulas (24,4%) do que nos bailados (10,5%). É aí que os bailarinos se confrontam com o maior número de horas passadas a dançar, aperfeiçoando as coreografias. Brinson et al. (2001), relataram valores semelhantes com risco de lesão de duas vezes maior nos ensaios do que nos bailados e três vezes e meia maior do que nas aulas.


Em quase metade (44,5%) das lesões, os bailarinos não interromperam por nenhum dia a sua actividade profissional (apesar desta ter sido condicionada ou procurarem um profissional de saúde). Cerca de 13,7% das lesões é que fizeram os bailarinos parar por mais de 30 dias.


Há pesquisas que sugerem que os bailarinos não param porque têm medo de perder os seus lugares na companhia (Krasnow & Chatfield, 1996). E este é um factor que pesa muito para os bailarinos, pois a dança é a sua profissão.

As célebres frases “The show must go on (o espectáculo tem de continuar) ou Work it out (continuar a trabalhar) reflectem a necessidade da prática da actividade profissional, mesmo com lesão.


As lesões na dança apresentam uma etiologia multifactorial, e os bailarinos na sua auto-percepção sobre as a(s) causa(s) que consideraram como factores de risco associados referiram:
a) cansaço físico e fadiga geral (53%)
b) palcos e solos impróprios para a prática de dança (43,9%)
c) coreografias com repetição contínua de movimentos difíceis – overuse (43,9%).

Estes resultados coincidem com outros estudos (Brinson et al. 2001; Laws 2004) onde a maior causa de lesões referida foi a fadiga e excesso de trabalho, seguido de solos impróprios para a prática de dança e movimentos repetitivos.


Na dança é fundamental incorporar momentos de descanso, necessários para o corpo recuperar da intensa actividade física a que é sujeito. O repouso activo e/ou actividades complementares também podem ser muito úteis.


Os coreógrafos fazem os bailarinos ensaiar até à exaustão, o que é claramente contraproducente a longo prazo (Brinson et al., 2001). Há também tendência do bailarino para superar constantemente as suas próprias exigências ao querer atingir a perfeição do movimento. A repetição é um factor-chave para as lesões por overuse (DeMann, 1997).

Os solos onde se pratica dança devem ser construídos de modo a não se deformarem permanentemente nem serem flexíveis a ponto de actuar como um trampolim (Milan, 1994).


Conclusão:
Novas pesquisas são necessárias para determinar as causas directas ou indirectas das lesões mais frequentes em bailarinos profissionais, relacionar a importância da Fisioterapia no sucesso da recuperação de lesões e do tempo necessário de interrupção da actividade profissional.
Deve-se apostar na implementação de estratégias de prevenção de lesões e, consequentemente, no reconhecimento, análise e gestão dos factores de risco, de modo a proporcionar uma carreira profissional longa e saudável ao bailarino.


excertos do artigo publicado na Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto, vol.1, nº 1: 32-37in http://www.apfisio.pt/gifd_revista/pages/inicio/numeros-anteriores/volume-1-numero-1.php e comunicação oral apresentada no 13ª European Congress of Sports Sciences, Estoril, Julho/2007

Ana Azevedo e Raul Oliveira, Fisioterapeutas
Consulta da(o) Bailarina(o)
Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8
Oeiras309 984 508 / 917231718

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