Dados de estudos sobre o TRANSPORTE DE MOCHILAS E OS SEUS EFEITOS NA POSTURA, MARCHA E SINTOMAS ASSOCIADOS
A lombalgia na populações juvenis, é como nos adultos, um fenómeno comum mas geralmente benigno e constitui a expressão da interdependência de uma multiplicidade de “factores de risco” que é necessário identificar, interpretar e compreender.
Investigações produzidas desde 1984 (Salminen, 1984; Fairbank e outros, 1984; Balagué e outros, 1988 e 1994) mostraram que dentro da população juvenil já se encontrava um número significativo de adolescentes com queixas lombares.
A dor na coluna e ombros em jovens adolescentes varia entre os 8% e 74% (Gent e colegas, 2003) e parece estar associada ao transporte de mochilas pesadas.
No estudo feito por Oliveira & Cabri (1999) a prevalência anual de dor lombar em 1139 adolescentes da grande Lisboa entre os 10 e 18 anos, foi de 39,2% e uma grande parte desses sintomas (56,3%) agravava com o transporte das mochilas
Quando cargas excessivas são transportadas por longos períodos de tempo, durante grandes distâncias e por jovens com hábitos sedentários, a coluna compensa de várias formas, provocando fadiga muscular e desgaste das articulações da coluna e caixa torácica (Triano, 2000) o que, a curto ou a longo-prazo, irá produzir sintomas (dor) e/ou alterações posturais.
Pascoe et al (1997) analisaram os diferentes métodos de transportar uma mochila (usá-la num e em ambos os ombros), com 17% do peso corporal, em crianças entre os 11 e os 13 anos e os seus efeitos na postura. Constataram projecção da cabeça para a frente, elevação e rotação interna dos ombros e inclinação do tronco para a frente, tendo contribuído para a diminuição do equilíbrio (ver imagem abaixo).
Estas alterações predispõem a um maior risco de quedas e a disfunções posturais (desvio lateral da coluna, inclinação lateral do tronco para o lado oposto e elevação do ombro quando a mochila é transportada unilateralmente). Estas compensações poderão causar desequilíbrios musculares e danos irreversíveis, se não forem corrigidas e prevenidas precocemente (Pascoe et al, 1997).
Chansirinukore colegas (2001) pretenderam determinar a influência do peso da mochila (15% do peso corporal), a sua posição ao nível da coluna e o tempo de transporte desta, na postura da cervical e dos ombros dos adolescentes,
Concluíram que o
transporte da mochila nos dois ombros produz menos alterações nos ângulos medidos, comparativamente ao transporte da mochila num só ombro. Os resultados mostraram diferenças significativas no ângulo
craneo-vertebral e na simetria da posição da cabeça quando a mochila pesava 15% do peso corporal comparativamente à ausência de carga.
Estes resultados confirmam as conclusões de Pascoe
et al (1997), o que nos sugere que as respostas
posturais dos estudantes são sensíveis a cargas iguais ou superiores a 15% do peso corporal.
Estes estudos apontam para que
as cargas pesadas (superiores a 15% do peso corporal) têm um efeito significativo no alinhamento postural.Constatou-se ainda que o ângulo
craneo-vertebral diminui depois de as crianças
trasnportarem a mochila durante cinco minutos de marcha, o que nos indica que o tempo de transporte de uma mochila influencia a posição do tronco.
Korovessis,
Koureas e
Zacharatos (2005) realizaram um estudo para verificar a influência do transporte de mochilas ao nível da postura da coluna, dos ombros e do tronco, e ao nível da dor na cervical, na dorsal e na lombar, em 1263 estudantes (12 -18 anos). Concluíram que o
transporte de mochilas (particularmente quando transportadas num só ombro) resulta numa alteração da postura do tronco e dos ombros e num aumento da lordose cervical. Para além disso, esse modo de transportar a mochila parece aumentar a dor na coluna dorsal e lombar. Estes autores recomendam, então, o
transporte da mochila de forma simétrica, devendo-se usar sempre as duas alças.
Raul Oliveira, Fisioterapeuta
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