O que os bailarinos dançam e o modo como dançam tem feito parte da história do movimento humano, da cultura e da comunicação do homem desde o início da humanidade (Brinson et al., 2001).
No que se refere à busca da perfeição do movimento, nenhum esforço físico pode ser comparado à dança (Arnheim, 1991).
O bailarino possui a agilidade e o equilíbrio de um ginasta, a velocidade e a força de um futebolista, o tempo de reacção e a exactidão de um jogador de basebol e a coordenação e a habilidade de saltar de um basquetebolista (Hardaker & Moorman, 1986).
A dança é uma forma de arte que combina competências técnicas, força e resistência musculares, trabalho cardiovascular e estética (Schon, Biddinger & Greenwood, 1994).
Como uma forma de arte, a dança enriquece a nossa cultura através da comunicação expressiva (Brinson et al., 2001), pois o seu propósito é comunicar ideias e sentimentos (Ranney, 1988).
A dança é uma forma de arte onde o corpo é o instrumento de expressão e tem-se tornado numa actividade cada vez mais exigente.
A prática da dança é uma forma de treino que desenvolve capacidades de coordenação neuromotora, agilidade, força muscular, estabilidade dinâmica, flexibilidade e ritmo integradas em complexos padrões neuromusculares.
Vários estudos demonstram que a dança, nas suas diferentes formas, é uma actividade de alto risco, com elevada prevalência de lesões, sendo o membro inferior o segmento corporal mais afectado seguido da coluna lombar.
O complexo pé/tornozelo e o joelho são as zonas anatómicas mais lesionadas, sendo muitas vezes as mais afectadas por lesões de sobrecarga devido aos micro-traumatismos repetidos, inerentes à prática intensiva de dança e à sua técnica.
A maioria das lesões no bailaino são inicialmente lesões minor resultantes da sobrecarga (overuse), que podem levar à cronicidade quando ignoradas e/ou insuficientemente tratadas, devido à elevada exigência física inerente à dança.
LESÕES MAIS COMUNS NOS PÉS/TORNOZELOS DOS BAILARINOS:
1) Lesões ligamentares após entorses traumáticos - ocorrem devido a trauma enquanto se dança (normalmente uma incorrecta recepção ao solo); quando há alterações no equilíbrio entre flexibilidade e força dos músculos da perna e pé; técnica inadequada de pontas ou releves; laxidão ligamentar; lesões anteriores mal recuperadas e cansaço/fadiga. Estas lesões mal recuperadas podem originar problemas crónicos, tornando-se numa articulação permanentemente instável – instabilidade dinâmica crónica.
2) Tendinopatias do tendão de Aquiles e ainda do tibial posterior e tendões flexores/extensores (associadas à sobrecarga e/ou repetição exaustiva de gestos como as pontas ou meia-ponta).
No 1º caso, surge dor de evolução gradual e insidiosa na região do tendão de Aquiles (2 a 8 cm acima do calcanhar), especialmente em exercícios que impliquem tendus, relevés, pontas ou saltos. condição apresenta uma etiologia multifactorial de onde se destacam: sobrecarga (overuse) devido a repetições excessivas com força explosiva dos músculos da perna; solos muito duros ou muito flexíveis em que não ocorre uma correcta absorção de energia ou não facilitam a impulsão dos saltos; retorno à prática depois de muito tempo parado; variações anatómicas e biomecânicas do pé e tendão de Aquiles; reduzida flexibilidade do tendão de Aquiles e dos gémeos; utilização incorrecta do plié e fita da sapatilha muito apertada que coloca demasiada pressão na zona do calcanhar.
3) Sindromes de conflito posterior (pontas e meias/pontas) também chamado "Dancer´s Heel" ou de conflito anterior do tornozelo (menos frequente)
No "Dancer´s Heel", a dor surge na região posterior do calcanhar devido à compressão excessiva das estruturas capsulares posteriores (tecidos moles). Esta situação ocorre devido ao trabalho excessivo de pontas, meia-ponta ou relevés em solos pouco resilientes; pode também ocorrer devido à presença do os trigonum (ossículo extra). Em casos mais graves pode ser necessária a cirurgia.
4) Hallux Valgus: esta condição que tem sempre um factor genético associado pode surgir mais cedo devido ao início precoce do trabalho de pontas, onde os pés não se apresentam suficientemente fortes para esta solicitação; ao rolar os pés para dentro (rolling in) durante a prática de dança; a músculos intrínsecos dos pés fracos; ao uso de calçado inadequado (mais pontiagudo à frente) pode agravar o problema.
5) Fracturas de Stress ocorrem em todos os estilos de dança, sendo os locais mais comuns os ossos do pé – 2º e 3º metatársicos por serem mais imóveis e ainda o 5º metatársico e ossos sesamóides debaixo do dedo rande. Podem ocorrer também no perónio ou na tíbia.
Estas lesões surgem como resultado de um ciclo constante de microtraumatismos repetidos sobre os ossos, sem os necessários períodos de repouso/recuperação que geram efeitos cumulativos comprometendo o ciclo vital de metabolismo ósseo (formação/reabsorção óssea).
Estas são as lesões mais comuns do pé/tornozelo do bailarino, podendo haver outras menos frequentes mas igualmente complexas. Como em qualquer lesão o diagnóstico precoce e sobretudo a prevenção dos factores de risco associados a essas lesões deverão ser prioridade para os bailarinas(os) minimizarem o impacto que as sequelas das mesmas podem ter na sua actividade profissional e mesmo nos seus estilos de vida.
Ana Azevedo e Raul Oliveira (Fisioterapeutas)
Consulta do bailarino(a) - R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 / 917231718
a vida de bailarino e muito dificil
ResponderEliminarmas quem corre por gosto nao cansa
De facto é assim ... mas se for possivel minimizar as complicações e gerir os riscos a carreira de um bailarino poderá ser mais eficiente e segura causando no pós-dança menores consequências para a sua saúde. Raul Oliveira
ResponderEliminarOLA, BOA NOITE VOUN EXPLICAR MINHA SITUAÇÃO
ResponderEliminarQUANDO VOU CAMINHAR EU, CAMINHO TIPO UM BALAIRINO COM AS PONTAS DO PÉ EU QUERIA SABER PORQUE
JÁ QUE EU TENHO 26 ANOS
Bom dia: nã é possivel dizer algo de concreto e credivel com as informações que dá. Deverá consultar um médico experiente, mas se acontece isso desde sempre é porque tem um encurtamento dos tendões de aquiles e restantes tendões e músculos da face posterior da perna. A razão disso é que necessita de ser analisada e só é possivel com um bom exame clinico. Raul Oliveira
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