sábado, 3 de janeiro de 2009

COTOVELO DO TENISTA



COTOVELO DO TENISTA ("TENNIS ELBOW")
Como em qualquer outro desporto, o ténis pode ser praticado desde o nível recreativo/lazer ao nível profissional, passando por níveis intermédios de competição. É um desporto que pode ser praticado por indivíduos de todas as idades.

A prática do ténis pode originar lesões do sistema músculo-esquelético. Há lesões mais comuns e outras mais específicas consoante a idade do praticante, o seu nível competitivo e o tempo de exposição ao risco - tempo acumulado de prática/ tempo concentrado de prática - .
O cotovelo do tenista - Epicondilite - é normalmente uma lesão de sobrecarga e tem uma origem multifactorial. É mais comum no praticante sénior.

As lesões de sobrecarga têm uma quadro de instalação de sinais e sintomas gradual, no inicio pouco perceptível para o próprio tenista, que resultam de microtraumatismos a partir da repetição exaustiva de movimentos sem os adequados períodos de recuperação/repouso e/ou na execução incorrecta de certos gestos técnicos. Nestas situações, face à instalação lenta e gradual do quadro clínico (sinais e sintomas) torna-se ainda mais importante que o tenista e seu treinador reconheçam os sinais de alerta que o corpo vai dando e os indicadores de que algo não está bem.

Normalmente as lesões por sobrecarga são lesões pouco incapacitantes no início, compatíveis com a prática mas que quando são ignoradas podem-se tornar não só bastante incapacitantes como crónicas (mais de 3 meses) e de resolução mais difícil ou com tempos de paragem mais prolongados.

No tenista sénior ou no adulto com intuitos recreativos, o domínio básico dos gestos técnicos fundamentais, é de primordial importância na prevenção primária da maioria das lesões de sobrecarga do membro superior como as tendinopatias do ombro (coifa dos rotadores) e do cotovelo (“tennis elbow” ou epicondilites e as epitrocleites).

O cotovelo e antebraço funcionam como um elo da cadeia cinética de movimento permitindo a transferência da energia cinética do braço para a raquete. O extensão do cotovelo chega a atingir os 1100º/seg (Kibler, 1993) nos tenistas profissionais.

As tendinopatias de inserção no epicondilo (origem dos músculos extensores do punho e dedos) também chamadas epicondilites ou tennis elbow -e as tendinopatias na epitroclea (origem dos músculos flexores do punho) designadas epitrocleites ou golfer´s elbow - são das lesões de sobrecarga mais frequentes particularmente no tenista de adulto e sénior.

As epicondilites são mais comuns do que as epitrocleítes - 7 a 20 vezes mais frequentes - (Eygendaal, Rahussen, & Diercks, 2007) e podem surgir em estadios agudos ou crónicos na inserção dos tendões extensores do punho. No caso das epitrocleítes estão comprometidos a inserção dos músculos flexores do punho, o redondo pronador e por vezes o próprio ligamento lateral interno também pode ser afectado face às forças de tracção que o compartimento interno é sujeito.
As epicondilites podem envolver outras estruturas anatómicas e são mais frequentes no tenista de meia-idade. Algumas das causas apontadas estão relacionadas com a sobrecarga de gestos ao nível do cotovelo/antebraço que é potenciada por uma técnica incorrecta em certas pancadas como o backhand.
A etiologia destas lesões é normalmente multifactorial pelo que existem outros factores que podem estar associados como raquetes mais pesadas, com um grip mais pequeno e com uma tensão da corda mais elevada. Qualquer destes factores não podem ser vistos isoladamente.

Por último a limitação (mesmo que residual) de movimentos ao nível do punho (extensão) e do cotovelo (extensão) devido a encurtamentos adaptativos são comuns em alguns tenistas de meia-idade e seniores e constituem um risco adicional de lesões no cotovelo.

De forma similar uma limitação da rotação interna do ombro pode ser compensada na cadeia cinética de rotação por uma maior pronação do antebraço no momento da pancada na bola, gerando mais forças de tensão no cotovelo.

O diagnóstico diferencial é importante e o exame clínico pode ser complementado por exames complementares como o Rx (despiste de calcificações na inserção) e a ecografia. É necessário para os casos recorrentes ou crónicos despistar problemas à distância (ombro e coluna cervical).

Há diversas formas de tratamento apesar de nenhuma delas poder garantir sempre a resolução de todos os sintomas em todos os casos. Desde a medicação, o uso de cotoveleiras ou braces, a fisioterapia onde a terapia manual e os exercícios de estiramento têm um papel importante, acupunctura, infiltrações locais (feita por médicos), cirurgia. Os casos crónicos e tratados tardiamente são os mais difíceis de resolução pelo que se recomenda um diagnóstico precoce bem como uma terapêutica adequada em cada fase.

Na resolução das lesões por sobrecarga é fundamental cruzar a análise de todo o processo de treino (aspectos físicos, técnicos e tácticos) e suas condições com as características individuais (componentes anatómicas, funcionais) de cada tenista.

Podem aparecer lesões com quadros clínicos semelhantes em pessoas que nunca jogaram ténis. Nestes casos os sintomas e as lesões aparecem normalmente no braço dominante e associados a uma actividade manual repetitiva (Lesões por Esforços Repetidos - L.E.R.).


Raul Oliveira, Fisioterapeuta
Equilibr_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 / 917231718

5 comentários:

  1. Obrigado pelo artigo. Estava a elaborar um trabalho para a escola, educaçao fisica, e a sua informaçao aqui postada foi muito util, obrigado.

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  2. Obrigado e apareça sempre. Raul Oliveira

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  3. Anónimo4/3/10 21:41

    Obrigada por seu suas informações estou elaborando um trabalho para a universidade e me foi muito útil

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  4. fiz uma ecografia vem escrito sinais infamatório do lingamento lateral externo com liquido na bainha com cerca 6*2mm. tem curra e qual tratamento

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  5. Aconselho procurar a orientação de um médico ou de um Fisioterapeuta com experiência neste tipo de lesões. A Fisioterapia poderá ser uma opção desde que feita por um profissional qualificado e competente. Raul Oliveira

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