TENDINOPATIAS - INTERVENÇÃO

O tratamento das tendinopatias exige a análise quer de diversos factores intrínsecos ao atleta/sujeito quer de factores extrínsecos (treino/actividade e condições da prática) que podem contribuir para a manutenção dos sinais e sintomas por largos períodos de tempo levando à cronicidade com instalação de alterações tecidulares/estruturais e funcionais difíceis de resolver.

Não há tratamentos milagrosos, particularmente para as situações que se prolongam no tempo onde já há uma tendinosis (alterações degenerativas intratendinosas de carácter não-inflamatório, com desorganização das fibras, hipocelulariedade, necrose local ou calcificação) que representa nos casos mais graves alterações irreversíveis na estrutura do tendão com indicações cirúrgicas. Também não há tratamentos que resolvem todas as situações com êxito a 100%.

Qualquer plano de tratamento deve-se iniciar por uma história clínica cuidadosa onde se faz a análise da evolução dos sinais e sintomas, dos factores que os desencadearam e/ou agravaram, dos factores que os aliviam e ainda um levantamento da actividade desportiva ou profissional a que esteve sujeito bem como das condições da prática (métodos de treino e variações na quantidade/qualidade do treino, vestuário/calçado, equipamento, pisos, etc) e dos hábitos de nutrição/hidratação.

Particularmente quando o aparecimento dos sinais e sintomas das tendinopatias é feito de forma gradual, sem antecedentes traumáticos directos é importante analisar os diversos factores referidos atrás e no caso dos atletas deve-se igualmente falar com os treinadores.

Qualquer tratamento para ter sucesso deve-se dirigir às causas directas e não apenas tratar os sintomas

Princípios gerais de intervenção

a) Nas fases agudas o repouso das actividades que desencadeiam os sintomas deve ser respeitado. O REPOUSO do tendão É O MELHOR ANTI-INFLAMATÓRIO (nos primeiros 2/3 dias). Modificação da actividade/ respeito pela dor (Pain-free activities).

b) Repouso selectivo / Meios de protecção selectiva - indicado para certos casos (ver imagem acima)

c) frio/gelo local - arrefecimento durante 5/10 minutos mas que pode ser repetido várias vezes ao dia (cada 2/3 horas).

d) Normalização da mobilidade/estabilidade articular - recuperar gradualmente a função, após a fase aguda. Exige um conhecimento aprofundado da biomecânica regional.

e) Meios terapêuticos electrofísicos (nem sempre há evidência cientifica sobre a aplicação de alguns destes meios e são por vezes os únicos usados pelos diferentes profissionais).

f) Programa de exercícios terapêuticos com fortalecimento excêntrico (exercícios a favor da gravidade) das estruturas músculo-tendinosas afectadas (após a fase aguda) + Estiramentos graduais. A recuperação da estrutura fisiológica do tendão dispensa imobilizações totais e/ou prolongadas e exige algum movimento/actividade dentro de certos limites e condicionantes.

g) Terapia manual (mobilização cuidadosa e estiramentos tendinosos).

h) As infiltrações têm indicações precisas muito restritas (situações muito agudas com falência de outros tratamentos e sobretudo nas estruturas peritendinosas) e não devem ser o tratamento de entrada.

Infiltrações sobre o Tendão de Aquiles ou tendão patelar são contraindicadas na esmagadora maioria das vezes (para não dizer nunca).

h) Cirurgia (para os casos mais graves como roturas totais, para os casos crónicos sem resultados nas diversas terapias tentadas).

Raul Oliveira, Fisioterapeuta

R`Equilibriu_us, Gabinete de Fisioterapia

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