(Conclusão)
No estudo referido nos anteriores post, 24,2% do total de lesões ocorreram na coluna vertebral/tronco
Segundo Caine et al (1996), os ginastas de competição estão mais expostos a lesões da coluna lombar que outros indivíduos não praticantes.
A ginástica exige repetidas posturas de flexão e hiperextensão da coluna durante saltos, recepções e elementos específicos de ginástica que levam a amplitudes extremas. Para agravar todo este quadro, os ginastas estão sujeitos repetidamente a cargas de impacto resultantes de recepções de saltos que são absorvidas pela coluna. A força de impacto pode ser seis vezes o peso corporal do ginasta.
Muitos dos elementos/gestos técnicos realizados são em amplitudes extremas, nomeadamente da coluna vertebral. Isto requer uma
hipermobilidade compensatória, para adquirir e realizar determinados exercícios, muitas vezes à custa da perda de estabilidade.
Esta hipermobilidade pode levar a uma sobrecarga do sistema articular que associado a um défice do seu controlo pelo sistema muscular, por alterações ao nível da sua relação força/comprimento e capacidade de activação, pode originar disfunção e mesmo patologia.
Tendo em conta que os ginastas iniciam a sua prática ainda em idades muito jovens, estas alterações vão acontecer ainda na sua fase de crescimento. As crianças com um suporte ósseo ainda em desenvolvimento e cartilagens de crescimento com baixa resistência ao stress repetitivo, pode tornar o adolescente mais susceptível de sofrer lesão.
A ocorrência das lesões deu-se principalmente durante a realização e ligação de elementos técnicos (26,7%), por queda (16,9%) e sobrecarga de treino (15,8%). Estes valores vão de encontro a resultados de outros estudos. Caine et al (1996) referem que um factor que parece estar implicado na ocorrência de lesões é a prática contínua e excessiva de um mesmo exercício/elemento técnico durante uma sessão de treino, pois pode levar a uma diminuição da concentração e da atenção por parte do ginasta.
Conclusão
Variáveis como o tempo de prática, a idade e as cargas de treino parecem aumentar não só a prevalência de lesão, como o risco de sofrer lesão nos ginastas.
A especificidade das modalidades gimnícas requerem um conhecimento e um envolvimento pormenorizado do fisioterapeuta nesta área, onde a intervenção precoce, o tratamento dirigido às necessidades do ginasta e da modalidade e a detecção de factores de risco, são o sucesso para o tratamento e prevenção de lesões.
(excertos do artigo in Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto (2007), Vol.1, nº 2: 21-27
Artigo completo em:
http://www.apfisio.pt/gifd_revista/media/versoes_integrais_pdf/rpfd_pub_jul2007_vol_1_n2.pdfRaul Oliveira
Ola terapeuta Raul.
ResponderEliminarHá algum tempo que acompanho este blog e queria felicitá-lo por esta iniciativa que julgo ser bastante benéfica não só para os fisioterapeutas experientes como também para aqueles que estão a iniciar a sua caminhada no mundo da fisioterapia, como é o meu caso. São conteúdos de grande qualidade, igualmente acessiveis à população em geral, contribuindo também para a divulgação desta profissão junto dos mesmos. Este tipo de "plataforma de ensino" permite-nos estar, tal como disse, em fase de aprendizagem continua. Resta-nos então esperar por novas publicações que continuarão certamente a ser tão relevantes como as que têm sido apresentadas.
Um abraço,
Carina Morais
Olá Carina:
ResponderEliminarAgradeço as palavras e reconhecimento da utilidade deste blog. É um projecto ainda em fase inicial que pretendo desenvolver com o apoio e colaboração de vários colegas, adoptando vários modelos e ir partilhando informação que poderá ser relevante quer aos profissionais quer ao público em geral. Este espaço está sempre aberto a todos contributos, questões, comentários, sugestões que nos queiram fazer chegar. Escrevemos com a intenção de contribuir para que o cidadão/atleta, pai ou mãe, professor ou treinador, possa estar sempre o mais informado possivel sobre as opções/alternativas dos comportamentos em saúde e bem-estar.
Raul Oliveira