OBJECTIVO: verificar o efeito que o transporte de uma mochila escolar tradicional, com dois níveis de carga (12,5% e 25% do peso corporal do indivíduo), provoca na actividade muscular do tronco e forças de reacção ao solo.
RELEVÂNCIA: O uso diário de mochilas com peso excessivo, a sua utilização incorrecta, influenciam o desenvolvimento físico das crianças e jovens (Chansirinukor, Wilson, Grimmer & Dansie, 2001) que se encontram na sua fase de formação e maturação, sendo de extrema importância para a diminuição de problemas relacionados com a sua saúde postural com repercussões futuras na vida adulta.
AMOSTRA: Seleccionados por conveniência 5 sujeitos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 11 e os 13 anos sem história de alterações neuro-músculo-esqueléticas.
MATERIAL E MÉTODOS: Utilizou-se como instrumentos a electromiografia de superfície para a recolha da actividade muscular do tronco e uma plataforma de forças Kistler-9281C para recolha das forças de reacção ao solo (Fx, Fy e Fz). Cada sujeito realizou 11 passagens, iniciando a marcha quer com um pé quer com o outro, sem carga e transportando de forma clássica (apoiada nos 2 ombros) uma mochila tradicional com dois níveis de carga (12,5 e 25% do seu peso corporal com uma sequência aleatória das condições).
ANÁLISE ESTATISTICA: Para se obter as médias e o desvio padrão foi utilizada uma técnica de comparação entre médias, One Way ANOVA- Post Hoc Test – Sheffe . 2 Related Samples- Wilcoxon Signed Ranks Test com um p menor que 0.05.
RESULTADOS: no período de tempo considerado como geral (0,4s + fase de apoio + 0,4s), os dados mostraram uma diminuição significativa da actividade muscular do músculo multifidus esquerdo (P=0,043) e longo dorsal do tórax direito (P=0,043), quando comparados os valores médios da máxEMG da condição sem mochila com a condição de transporte de carga de 12,5% do peso corporal no primeiro músculo e na comparação efectuada entre a condição sem mochila com a condição de transporte de carga de 25% do peso corporal do indivíduo. Os resultados obtidos na fase de apoio da marcha, mostraram uma diminuição significativa da actividade muscular do músculo multifidus direito e longo dorsal do tórax direito (P=0,043), quando comparada os valores médios da máxEMG da condição sem mochila com a condição de transporte de carga (25% do peso corporal do indivíduo). Encontrou-se um aumento significativo (P=0,043), da componente vertical das forças de reacção ao solo (Fz), quando comparados os valores médios da máxFz e a iFz da situação sem mochila (0%), com ambas as situações de transporte de carga (12,5% e 25% do peso corporal).
CONCLUSÃO: o aumento de carga na mochila escolar tradicional influencia de forma significativa o padrão normal de marcha, pois existe uma tendência para a diminuição da actividade dos extensores da coluna, assim como um aumento da força de impacto ao solo. É necessário a realização de mais estudos sobre esta temática, pois estas alterações cinéticas, numa base diária, podem ter efeitos nocivos no desenvolvimento motor, na saúde e qualidade de vida das crianças e jovens, o que justifica cuidados profilácticos realizados pelos Fisioterapeutas.
Resumo de estudo feito na Faculdade de Motricidade Humana e apresentado no VI Congresso Nacional de Fisioterapeutas em Maio/2005
Raul Oliveira, Fisioterapeuta
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
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Faculdade de Motricidade Humana
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