FACTORES DE RISCO ASSOCIADOS ÀS LESÕES NA DANÇA
As lesões na dança como em qualquer outra actividade física, apresentam uma etiologia multifactorial, que se dividem em dois grandes grupos mas que interagem entre si: factores de risco intrínsecos e extrínsecos.
A seguir apresentamos de forma sucinta alguns exemplos:
Factores de Risco Intrínsecos
a) Fadiga: é frequente devido ao excessivo número de horas de prática e de actuações (Ryan et al, 1987). É uma condição que o bailarino deve evitar, porque a possibilidade de sofrer uma lesão aumenta consideravelmente (Brinson et al., 2001).
b) O Aquecimento corporal apropriado antes de qualquer actividade física é uma das maneiras de reduzir o risco de lesão (Brinson et al., 2001), servindo acima de tudo para proteger o corpo contra a lesão, fazendo parte essencial da preparação de uma aula ou trabalho de palco. Portanto, é importante para se preparar física e mentalmente o bailarino para a aula ou actuação (Thomasen & Rist, 1996; Huwyler, 2002).
c) Recuperação activa pós-esforço corporal: importante durante os 10 a 20 minutos após a actividade física. Após uma aula ou ensaio, depois do corpo ter trabalhado intensamente, é mais benéfico diminuir calmamente o ritmo do que parar completa e repentinamente (Thomasen et al., 1996).
d) Variações anatómicas e desequilíbrios musculares: uma vez que cada corpo deve ser trabalhado com as suas próprias ferramentas, isto é, deve-se trabalhar dentro dos limites fisiológicos de cada bailarino, fundamental para evitar lesões por sobrecarga ou overuse.
Ao longo da carreira, os bailarinos tendem a utilizar excessivamente certos grupos musculares, levando outros grupos a serem menos utilizados. Por exemplo, os rotadores externos e abdutores da anca são constantemente recrutados, que provoca maior tensão ao nível da banda ílio-tibial, que por sua vez pode causar desvios externos da rótula e possíveis lesões (Thomasen et al., 1996). Também os flexores plantares são sobreusados em detrimento dos flexores dorsais. Por tal, são necessários exercícios adicionais para corrigir e evitar estes desequilíbrios musculares (Brinson et al., 2001), que se vão instalando ao longo dos anos.
Também o uso constantemente incorrecto dos músculos causa o desenvolvimento excessivo de alguns músculos e deixa outros fracos ou demasiado alongados. Visto que a dança é repetitiva, o que também favorecerá o desenvolvimento de desequilíbrios musculares.
Também o uso constantemente incorrecto dos músculos causa o desenvolvimento excessivo de alguns músculos e deixa outros fracos ou demasiado alongados. Visto que a dança é repetitiva, o que também favorecerá o desenvolvimento de desequilíbrios musculares.
e) Estabilidade articular: o excesso de flexibilidade (hipermobilidade) compromete a estabilidade articular. E também pode causar grande tensão nas estruturas musculares, comprometendo a estabilidade articular funcional, o que por sua vez pode levar a um aumento do risco de contrair lesões (Schon et al., 1994).
f) Características psicológicas: a dança tem um impacto emocional tanto no bailarino como no observador. E esta é uma vertente com pouco apoio. Há diversos factores de stress do meio envolvente que influencia directamente ou indirectamente o bailarino.
Factores de risco Extrínsecos
a) Tempo de exposição à dança: elevado número de horas de prática de dança.
b) Métodos de treino e condições do mesmo: os solos impróprios para a dança, uma vez que os solos têm de ter a capacidade de absorver energia/choque e a temperatura dos estúdios/salas inadequada. Infelizmente, os solos de muitos teatros e estúdios não apresentam fundações e sistemas estruturais apropriados, pois não são construídos com objectivos específicos para a dança (Howse et al., 1992). Assim sendo, os bailarinos têm de se ajustar constantemente às superfícies para dançar (Arnheim, 1991).
c) Técnicas de dança inadequadas/erros técnicos: isto leva a mecanismos de compensação como excessiva lordose lombar, hiperextensão dos joelhos, rotação tibial excessiva, pronação dos pés, alterações do alinhamento biomecânico, incapacidade de flexão plantar completa e o en dehors insuficiente.
As lesões, especialmente as crónicas, podem desenvolver-se a partir de padrões de movimento ineficazes que se adquirem durante os primeiros anos de carreira (Schon et al, 1994). Uma das maiores fontes de sobrecarga é a utilização de uma biomecânica inapropriada ou uma técnica defensiva, onde a maioria é atribuída ao alinhamento corporal mal adaptativo (Bachrach, 1987).
d) Equipamento/materiais utilizados: como o calçado apropriado e a roupa.
Ana Azevedo e Raul Oliveira (Fisioterapeutas)
Consulta do Bailarino
R´Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
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