quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

LESÕES MUSCULARES (12)


LESÕES MUSCULARES - INTERVENÇÃO nas fases mais AVANÇADAS do PROCESSO DE REGENERAÇÃO

Uma recuperação funcional eficiente e bem sucedida após uma lesão muscular depende um acertado e cuidadoso diagnóstico clínico, da adequação dos primeiros cuidados prestados na fase aguda (ver pós Lesões musculares(11) de 20 de Jan) bem como de uma ajustada intervenção na fase em que as fibras musculares vão regenerar/remodelar. Não há receitas nem tempos absolutos. O Médico ou Fisioterapeuta devem avaliar em cada consulta a evolução dos sinais e sintomas iniciais e planear o seu programa de tratamento e aconselhamento.

São as fases descritas de seguida

2ª - FASE DE REPARAÇÃO TECIDULAR (Reparação Fibroblástica) vai do 3º/4º dia até ao 10º/14º dia).
Os processos de reparação dos músculos devem ser feitos permitindo alguns movimentos (activos, lentos, controlados, evitando as posições extremas e sempre respeitando a dor)

É a fase da função protegida. O uso de ligaduras funcionais ou outras de formas de contensão continuam a estar indicadas
A imobilização prolongada e total dos músculos afectados leva a uma cicatrização desordenada não funcional.

O movimento controlado induz um tecido em reparação mais funcional, em que as fibras neoformadas vão-se orientar segundo as linhas de tensão das fibras originais que foram lesadas e com propriedades biomecânicas (p.ex. capacidade de resistir às forças de tensão) gradualmente semelhantes. Além disso o movimento promove uma melhor irrigação sanguínea, fundamental no processo de neo-vascularização e consequentemente na regeneração tecidular.

Podem ser aplicados meios terapêuticos electrofísicos (nem sempre há evidência cientifica sobre a aplicação de alguns destes meios e são por vezes os únicos usados pelos diferentes profissionais). É claramente insuficiente os tratamentos baseados exclusivamente nestes meios, e sobretudo não existe uma afirmação que por vezes se ouve: "acelerar o processo de reparação".
Todo este processo (reparação tecidular) é geneticamente determinado e que se dermos as condições naturais para ele ocorrer, faz-se de forma programada e auto-organizada.

3ª - FASE DE REMODELAÇÃO que vai do 10º/14º dias até 21º/60º dias, consoante a gravidade e a extensão da lesão inicial.
Esta fase continua, completa e consolida os processos ocorridos na fase fibroblástica anterior.
Pretende-se consolidar o processo de reparação muscular e prevenir a cicatrização excessiva e desordenada (fibrose) que surge quando nas 2 etapas anteriores (fase aguda e fase de reparação fibroblástica) tiverem ocorrido complicações.

É a fase onde se iniciam os gestos específicos da modalidade e dos músculos envolvidos trabalhando as suas capacidades especificas de forma gradual. Deve-se fazer a reintegração progressiva e gradual ao treino e à actividade desportiva, pelo que o diálogo com os treinadores é imprescindível.

Normalmente é necessário o acompanhamento por parte de um médico ou fisioterapeuta com experiência em lesões musculares, uma vez que um tratamento inadequado aumenta o risco de recidivas, particularmente após retornos à prática desportiva demasiado precoce e indevidamente orientados (ver post sobre lesões musculares (10))


Sabemos que o processo de reparação tecidular muscular bem sucedido (em termos morfológicos) pode-se fazer em cerca de 2 a 4 semanas de acordo com a extensão da lesão inicial e o sucesso dos cuidados descritos, mas a remodelação completa e a (re)aquisição das características de força, flexibilidade, coordenação neuromuscular exigem mais tempo e sobretudo um planeamento gradual de reintegração no treino (ao longo de 2 a 3 semanas nos caso mais graves) evitando na fase inicial os movimentos a elevada velocidade, as mudanças bruscas de direcção e/ou velocidade.

O músculo lesado apenas estará totalmente recuperado em termos funcionais e plenamente integrado na sua cadeia cinética de movimento após um programa de reeducação funcional onde entram os exercícios de flexibilidade e de fortalecimento específicos numa fase inicial e os gestos específicos da modalidade numa fase mais tardia.
Em caso de dúvida ou de sintomas persistentes e incapacitantes DEVE PROCURAR A CONSULTA DE UM MÉDICO OU UM FISIOTERAPEUTA com experiência no tratamento/recuperação funcional das lesões musculares.

Raul Oliveira, Fisioterapeuta
Equilibri_us - Gabinete de Fisioterapia
Av. D. João I, nº 8, Oeiras
309 984 508 /917231718
raulov@netcabo.pt
Faculdade de Motricidade Humana

2 comentários:

  1. dei um jeito e senti o musculo da perna como se passasse algo de estranho, agora custa me a andar porque me doe o musculo..que sera e que fazer

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  2. Boa noite: pelo que cdescreve e se é o músculo da "barriga da perna" pode ter feito uma lesão muscular dos gémeos ou de outro músculo próximo. Se tem dificuldades a andar, a fazer carga sobre a perna é bem possível que seja mesmo uma lesão muscular. Na fase aguda (primeiras 48/72 horas) deve fazer Repouso dos músculos da perna (evitar andar e estar muito tempo em pé), fazer gelo local/frio durante 10/12 minutos, colocar uma contensão (meia elástica) e procurar um médico ou Fisioterapeuta com experiência neste tipo de lesões. Boa recuperação. Raul Oliveira

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